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Justiça condena líder sérvio à prisão perpétua por genocídio
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Justiça condena líder sérvio à prisão perpétua por genocídio

Decisão do tribunal foi muito comemorada em cidades como Srebrenica e Saravejo, onde milhares de famílias ainda choram mortes de vítimas da ação violenta da época da guerra civil
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As mães de Srebrenica aplaudiram, choraram e se abraçaram quando o juiz de Haia anunciou a condenação de Ratko Mladic à prisão perpétua por genocídio. “Dou graças a Deus, em nome de nossos filhos!”, exclamou Nedziba Salhovic, uma das mulheres reunidas ontem em frente a uma das televisões instaladas no memorial de Potocari.


Se em Haia as responsáveis de associações se disseram “parcialmente satisfeitas”, as que ficaram em Srebrenica expressaram alívio. Nesse local foram instalados milhares de monumentos em homenagem a seus filhos, irmãos e maridos. Mais de 8.000 foram assassinados pelas forças sérvias de Mladic durante vários dias de julho de 1995, enquanto tentavam fugir do enclave muçulmano de Srebrenica.


Um ato de genocídio, repetiu a Justiça internacional nesta quarta-feira. O único cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Mladic, de 74 anos, foi considerado culpado, assim como o fanático Radovan Karadzic, de 72 anos, em 2016. “Mladic morrerá em Haia! Estou feliz, feliz por esta Justiça”, afirmou Nedziba Salhovic.


Em lágrimas

Desde o início da leitura do veredito caíram as primeiras lágrimas. E eram ouvidos gritos de raiva quando Mladic se aborrecia. “Não é um homem, é um lixo!”, gritou uma das mulheres.

 

Quando o criminoso pediu a interrupção da leitura para ir ao banheiro, exclamaram com desprezo: “o chetnik se borrou!”. Essas mulheres não esperavam menos do que a prisão perpétua. “Minhas fotos são provas irrefutáveis”, afirmou uma delas, mostrando as imagens.


Todas foram ouvir que o “açougueiro dos Bálcãs” vai morrer na prisão. “Mas não faria Justiça nem que vivesse mil vezes e fosse condenado à prisão perpétua outras tantas”, lamentou Ajsa Umirovic, de 65 anos, que perdeu 42 membros de sua família.


“Olhem eles ali”, disse, mostrando as lápides, “teria que receber prisão perpétua nem que fosse uma por família”.


Em Sarajevo, outra cidade mártir, Safet Kolic, vendedor de roupa, acredita que essa “sentença chega muito tarde”. Para ele, Mladic “destruiu um povo por fazê-lo cometer genocídio, e outro teve que sofrer o genocídio”.


Na capital bósnia ainda se pode ver em muitas fachadas os impactos de morteiros, evidências de um cerco que durou 44 meses, um dos mais longos da História.


Mais de 10.000 habitantes, entre eles 1.500 crianças, morreram vítimas de atiradores de elite e da artilharia que disparava das montanhas controladas pelas tropas de Mladic ao redor da localidade.

 

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