Setores do oeste da capital amanheceram com uma presença incomum de militares, que também mantinham uma forte mobilização no centro. Alguns estabelecimentos de ensino suspenderam as aulas hoje.
Em paralelo à mobilização da base eleitoral, desesperança e resignação são visíveis em muitos venezuelanos, asfixiados pela pior crise já sofrida pelo país na história moderna.
"Isso vai prolongar ainda mais a agonia que vivemos nos últimos anos. Tudo decaiu gravemente. Os bens e serviços básicos estão a cada dia mais impossíveis. Nos sentimos de mãos atadas", disse a enfermeira Mabel Castillo, de 38 anos.
Durante o governo Maduro, a economia se reduziu pela metade e deve se contrair 5% em 2019, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o país e sua estatal do petróleo, a PDVSA, caíram em default, e a produção dessa commodity, fonte de 96% da receita nacional, caiu para 1,4 milhão de barris diários. É o nível mais baixo em 30 anos.
Em meio a esse cenário, o presidente promete, porém, bem-estar. "Eu me comprometo a realizar as mudanças que são necessárias na Venezuela para (...) a prosperidade econômica", declarou ontem.
Sua reeleição provocou uma sequência de sanções de Estados Unidos e UE contra o círculo de poder mais próximo de Maduro. Nesse sentido, os analistas preveem uma maior pressão internacional, sobretudo, regional, com a onda conservadora em governos da América Latina.
Os analistas não veem mudanças no horizonte, com uma oposição fraturada e diminuída e uma população frustrada que opta por deixar o país.
"Embora o início do novo mandato aprofunde ligeiramente o isolamento, é pouco provável que altere significativamente a dinâmica da política interna", afirmou a consultoria Eurasia Group.
(AFP)