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A vida, assim como a morte, é fugaz e arredia
Jornal-Do-Leitor

A vida, assim como a morte, é fugaz e arredia

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Thainá Buono Paulino

thaina_bps@hotmail.com

 

Sim, lá era um abrigo. Abrigo de moradores de rua, pessoas que necessitam. No entanto, o que era mais difícil de os moradores entenderem é que antes de estar em qualquer lugar, eles precisam estar abrigados em si mesmos, me entendem? Difícil não acharmos boa nossa própria companhia, de forma a necessitarmos de amuletos. Não, não são amuletos da sorte, não. São amuletos da degradação; cigarro, álcool, crack, cocaína. A cada valha-me-Deus, um trago é baforado. Falta-lhe o limite. Limite de enxergar o que, para que, por que e como vão sobreviver daqui a algumas horas, dias, semanas, meses. Meses? Como uma pessoa pode viver meses em uma progressiva ou recidiva desgraça consigo mesma? Será que quando tocam o travesseiro na hora de dormir, sonham? E quando acordam, desejam? Felizes daqueles que sabem o que quer, e não se deixam levar pela vulnerabilidade. Ah, todos nós estamos vulneráveis, e digo mais, somos vulneráveis... Pois, será que temos previsão de melhora de nós mesmos? Será que queremos ajuda? Ou estamos apenas deixando os ventos nos levarem sem rumo? Nossa, a cada saída, seja de um morador, ou de um colega de trabalho, um alívio. Alívio de sair daquele desespero diário, daquela inconstância sem fim, de presenciar a vida por um fio... Quisera eu reconectar esse fio com a esperança, e ir agradecida. No entanto, a vida, assim como a morte é fugaz e arredia, o que ela quer mesmo da gente é o combate.


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