É verão no Hemisfério Sul e o calor de Fortaleza não dá trégua nem na sombra. Mesmo quando chove, muitas vezes a sensação de abafado fica. Com o sol presente durante o ano inteiro, é importante saber maneiras de como amenizar o mormaço e deixar a casa em uma temperatura mais agradável. Isso pode ser pensado desde a construção até modificações de uma edificação já pronta sem reformas drásticas, aproveitando o que a natureza nos deu de bom grado: o vento.
[FOTO3]A professora universitária Cristina Penido, 52, morava em um apartamento na Praia de Iracema quente e mal iluminado. Assim, precisava ficar de luz acesa em alguns cômodos mesmo durante o dia, que esquentava o ambiente mais ainda. Ao construir a atual moradia no Bairro de Lourdes, investiu bastante na ventilação do local. “A minha preocupação maior era que fosse muito arejada”, destaca Cristina.
[FOTO4]As construções, geralmente, são feitas já levando em consideração onde o sol bate com mais intensidade e o sentido das correntes do vento, por isso os prédios da Capital são voltados para a nascente, na maioria das vezes. “Nascente significa onde o sol nasce, leste. O sol que nasce é mais frio do que o que se põe. E é de onde vem os ventos”, explica Ana Virgínia Martins, coordenadora de projetos da construtora Colmeia. A exceção são os prédios à beira mar, mas ainda assim a circulação de ar não é ignorada. “Na praia, a gente privilegia a vista e procuramos colocar janelas laterais para correr o vento”, informa a coordenadora de projetos da Colmeia.
[QUOTE1]Cristina Penido construiu já ciente disso para aproveitar bastante o vento. Depois que se mudou, ainda investiu em estratégias tanto dentro quanto fora de casa para manter a residência fresca. “Primeiro a gente pensou em um paisagista, depois a gente deixou a própria casa dizer onde estava mais quente”, afirma a professora universitária. Dessa forma, o jardim foi a grande peça-chave de investimento com palmeiras, coqueiros, gramado, trepadeiras no muro. “Eu construí quase que uma florestinha. As pessoas dizem que percebem a mudança, a diferença de temperatura”, comenta. Apesar de a piscina não ter essa finalidade inicial, ela também influencia positivamente.
Para o arquiteto e professor de Arquitetura e Urbanismo da Unifor Paulo Barroso, cores claras nas paredes e pisos frios são essenciais na parte interna. “Com certeza, eles absorvem menos calor”, explica. Nesses quesitos, Cristina acertou em cheio privilegiando o piso de porcelanato em detrimento do de madeira, que era a sua preferência. Nos cômodos, as tonalidades creme e azul claro colorem as paredes. Ainda pensou além e aplicou janelas duplas de vidro e madeira para combinar conforto e proteção. “Quando eu quero claridade, eu baixo só a janela de vidro. À noite, quando a gente quer mais segurança, fecho a de vidro e abro a veneziana”, aponta.
Além disso, podem ser incorporadas outras técnicas estruturais com o objetivo de amenizar o calor. “A gente ‘varanda’ (acrescenta varandas) às salas e aos quartos. É importante para causar uma sombra e deixar o quarto mais agradável. Como a gente constrói prédio, sempre tem a varanda do andar de cima para fazer a cobertura”, acrescenta Ana Virgínia Martins. Outras formas estão se tornando tendência, como a técnica do teto verde, ou seja, utilizar gramados no telhado. “Ajuda tanto como isolamento térmico quanto pela própria absorção de água. A gente não tem tanto essa prática ainda, mas já tem mais busca”, frisa o arquiteto. (Lorena Marcello, especial para O POVO)