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Periquito ameaçado de extinção no Ceará será reproduzido no Parque das Aves
Farol

Periquito ameaçado de extinção no Ceará será reproduzido no Parque das Aves

Projeto é uma parceria entre o Ibama-CE, Projeto Periquito Cara-Suja, de Baturité, e do Parque das Aves - um zoológico turístico e laboratório de reprodução de aves da Mata Atlântica que estão em perigo de desaparecer
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Periquito cara-suja ou Tiriba-de-peito-cinza (Pyrrhura griseipectus) (Foto: FÁBIO NUNES/AQUASIS/DIVULGAÇÃO)
Foto: FÁBIO NUNES/AQUASIS/DIVULGAÇÃO Periquito cara-suja ou Tiriba-de-peito-cinza (Pyrrhura griseipectus)

Doze periquitos cara-sujas (Pyrrhura griseipectus) foram enviados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), no Ceará, para o Parque das Aves em Foz do Iguaçu, no Paraná. Retirados da cadeia do tráfico de animais, as espécies serão manejadas em um programa de conservação ex situ (fora do lugar de origem) para reprodução e repovoamento de áreas onde as aves desapareceram em estados nordestinos. Endêmicos do Nordeste, os cara-sujas estão classificados como "Em Perigo" pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (http://twixar.me/Qbrn).

De acordo com o biólogo Fábio Nunes, da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (http://aquasis.org/), o Parque das Aves além de ser um local de visitação turística é um centro de pesquisa que auxilia nos Planos de Ação Nacional para Conservação das Aves da Mata Atlântica.

É um laboratório de reprodução de espécies ameaçadas da fauna brasileira e que necessitam de um programa de conservação em cativeiro para reintrodução nos habitats naturais. São 21 aves nessa categoria a exemplo do mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), jacutinga (Aburria jacutinga), Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), jandaia-amarela (Aratinga solstitialis), grou-coroado (Balearica regulorum)
mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii), mutum-de-penacho (Crax fasciolata), ararajuba (Guaruba guarouba) e do cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata). 

De acordo com Fábio Nunes, o periquito cara-suja desapareceu de pelo menos 12 das 16 áreas onde já foi abundante. Recriar outras populações diminui a chance da espécie ser extinta, já que mais de 90% dos indivíduos encontram-se apenas na serra de Baturité, portanto, com um risco de extinção ainda grande.

Além de reintroduções, os indivíduos nascidos em cativeiro poderão ser utilizados como reforço populacional na serra Azul, em Ibaretama, onde só restam atualmente 8 aves. "O problema foi pauta de estudo de uma oficina da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e do Conservation Planning Specialist Group (CPSG/IUCN SSC), que confirmaram a urgência do programa para a reabilitação das populações dessa espécie", afirma Fábio Nunes, coordenador do Projeto Periquito Cara-suja que monitora o cotidiano dos remanescentes em Baturité (CE).

Paloma Lucin Bosso, diretora técnica do Parque das Aves (http://twixar.me/2brn), explica que a instituição possui seis periquitos cara-sujas - dois machos e quatro fêmeas. Porém não podem reproduzir entre eles porque são da mesma família e, cientificamente, não é recomendável. Agora, conta a médica veterinária, as aves recebidas ficarão em quarentena e serão submetidos a exames médicos para, em seguida, formar bandos de 18 indivíduos os casais no zoológico.

Geralmente, essa espécie de periquito é monogâmica durante o período reprodutivo. No Parque das Aves ficarão em recintos com caixas de madeira que servirão de ninhos. Semelhantes as utilizadas no projeto em Baturité para facilitar a reintrodução no futuro no Ceará. Na natureza, o tiriba-de-peito-cinza (outro nome popular do cara-suja) se reproduz na época das chuvas. A fêmea põe de cinco a oito ovos, em ocos escavados por pica-paus. Com o desmatamento, as queimadas das florestas e a urbanização insustentável das cidades a vida deles foi sendo ameaçada.

Em 2017, explica Paloma Lucin, O Parque enviou para o Projeto Jacuntinga, da Save Brasil, seis indivíduos nascidos em Foz do Iguaçu. Os animais passaram cerca de oito meses sendo treinados para procurar alimento, para se se abrigar e fugir de predadores. Monitoradas, foram reintroduzido em florestas no interior de São Paulo (São Francisco Xavier e Caraguatatuba) e numa área do litoral do Rio de Janeiro. 

"Acompanhar o processo de reintrodução é emocionante. No primeiro dia, a jacutinga Mimi optou por não sair (do local de apoio da área de soltura). Temos notícias dela já adaptada à natureza. Sinal que a parceria entre os projetos de campo e o Parque das Aves é exitosa", avalia Paloma Lucin.

O Parque das Aves também enviou três papagaios-do-peito-roxo, em 2017, para o Parque Nacional da Araucária, em Santa Catarina.

AVES EM REPRODUÇÃO NO PARQUE DAS AVES

Espécies de aves ameaçadas de extinção reproduzidas no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (Paraná):

1. Jacutinga (Aburria jacutinga)

2. Papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea)

3. Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus)

4. Jandaia-amarela (Aratinga solstitialis)

5. Grou-coroado (Balearica regulorum)

6. Mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii)

7. Mutum-de-penacho (Crax fasciolata)

8. Ararajuba (Guaruba guarouba)

9. Cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata)

10. Mutum-do-Nordeste (Pauxi mitu)

11. Marianinha-de-cabeça-amerela (Pionites leucogaster)

12. Papagaio-cinzento (Psittacus erithacus)

13. Toriba-de-peito-cinza (Pyrrhura griseipectus)

14. Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis)

15. Caloenas nicobarica (não tem nome popular)

16. Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus)

17. Flamingo-chileno (Phoenicopterus chilensis)

18. (Maracanã-verdadeira) Primolius maracana

19. Araçari-banana (Pteroglossus bailloni)

20. Ema (Rhea americana)

21. Macuco (Tinamus solitarius)

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