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Antônio Conselheiro vira herói do Brasil
Farol

Antônio Conselheiro vira herói do Brasil

|CANUDOS| Pelas mãos de Bolsonaro
Edição Impressa
Tipo Notícia

Demitri Túlio

demitri@opovo.com.br


O cearense Antônio Conselheiro (1830-1897), principal alvo do Exército Brasileiro na Guerra de Canudos (1896 - 1897), é herói da pátria. O reconhecimento foi assinado na última segunda-feira pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e pelo ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública.

A Lei 13.829, oriunda de um projeto da deputada petista Luizianne Lins, foi publicada ontem (14) no Diário Oficial da União. O nome de Antônio Vicente Mendes Maciel está escrito, agora, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

O líder religioso, opositor da então recém-instalada República no Brasil, reuniu milhares de seguidores em uma comunidade no arraial de Canudos, no interior da Bahia. Ironicamente, em um tempo de revisionismo histórico pregado pelo próprio capitão Jair Bolsonaro, a memória de Antônio Conselheiro passa a fazer parte do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, equipamento sediado em Brasília.

No monumento existe o simbólico "Livro de Aço", um documento que preserva os nomes de personagens que marcaram a história brasileira. Antônio Conselheiro está, agora, ao lado de figuras como o imperador dom Pedro I, o marechal Deodoro da Fonseca e de ativistas a exemplo de Chico Mendes e Zuzu Angel.

Durante o confronto de Canudos, narrado em forma de grande reportagem por Euclides da Cunha no livro Os Sertões, estima-se que o Exército matou a maior parte dos 25 mil sertanejos que se reuniram em torno da comunidade de Belo Monte.

As pregações do cearense, nascido em Quixeramobim, incomodavam a imprensa, o clero e os latifundiários do Brasil. A classe política dominante intrigava-se com a cidade independente e com a migração para o arraial do Conselheiro.

A imagem de Antônio Conselheiro foi construída como a de um "perigoso rebelde" querendo restaurar a monarquia. A ojeriza ao "revolucionário fanático", ganhou apoio da opinião pública e justificou a investida bélica contra os pobres de Canudos. Para a deputada Luizianne Lins (PT), o Conselheiro foi um exemplo de enfrentamento a problemas relacionados às desigualdades social e econômica, que ainda hoje ocorrem.

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