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Prédios erguidos por ordem da milícia caem e matam 5
Farol

Prédios erguidos por ordem da milícia caem e matam 5

| RIO | Bombeiros buscam 13 desaparecidos. Outros três imóveis foram interditados
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O Exército enviou 30 engenheiros militares equipados com máquinas 
para o apoio às buscas (Foto: JOSÉ LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO)
Foto: JOSÉ LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO O Exército enviou 30 engenheiros militares equipados com máquinas para o apoio às buscas

Dois prédios construídos ilegalmente na Muzema, na zona oeste carioca dominada por uma milícia, ruíram ontem de manhã, matando ao menos cinco pessoas e ferindo dez. Até a noite, bombeiros trabalhavam nos escombros, à procura de 13 desaparecidos. A prefeitura decidiu interditar e demolir na área outros três edifícios, também supostamente erigidos sob ordens de milicianos.

O desastre foi mais um dos capítulos da ascensão, no Rio, de grupos paramilitares, com ligações nas polícias e sob proteção de políticos. Dominam regiões pobres, onde se dedicam à especulação imobiliária. Invadem terras, constroem edifícios e vendem imóveis.

"Eram umas 6h30min, e dava pra ouvir estalos, barulho. A mulher começou a gritar 'tá caindo, tá caindo, sai, vai cair'", relata Juliana Carvalho Moura, 34. Segundo Juliana, ao sair de casa e chegar à rua, os dois prédios já tinham desabado. "Vi uma nuvem branca de poeira, enorme, não dava para enxergar nada."

Bombeiros resgataram dos destroços os corpos de Raimundo Nonato do Nascimento, 40, de dois adultos e de uma criança cujas identificações não foram divulgadas até o início da noite. O pastor Cláudio Rodrigues, 41, foi achado vivo, mas morreu depois, em um hospital na Barra da Tijuca.

Os prédios foram construídos irregularmente em uma Área de Proteção Ambiental (APA), perto de uma encosta. A área era considerada de risco iminente de deslizamento. Três dias antes, a região fora uma das mais duramente castigadas por um temporal que deixou dez mortos no município.

De acordo com a prefeitura, desde 2005 foram emitidos 17 autos de infração para construções irregulares no mesmo condomínio. A Defesa Civil foi ao local e interditou o condomínio. "A prefeitura já havia notificado, tentou interditar, lançou multas, comunicou ao MP, mas, infelizmente, as obras continuaram", afirmou o prefeito Marcelo Crivella (PRB). (Agência Estado)

 

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