A foz do rio Mundaú, no município cearense de Trairi, está sendo desmatada. O flagrante foi feito pelo biólogo Célio Alves Ribeiro e o professor Francisco Bonifácio, do projeto Rizomas, na última sexta-feira, 19, durante uma aula de campo para alunos da Escola Padre Rodolfo Canaan.
As imagens da área afetada foram feitas por um drone que mapeava o estuário da Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Mundaú.
Segundo o biólogo Célio Ribeiro, que coordena um Laboratório de Educação e Comunicação na escola pública, o acesso ao local geralmente só é feito de barco por causa de cercas e proibições de proprietários de fazendas de carcinicultura instaladas na área da APA.
Fotografias e vídeos do desmatamento foram enviados, como denúncia, para a gerência da APA do rio Mundaú. O POVO apurou que será feito um relatório com base nas imagens, checagem das licenças ambientais concedidas para produtores de camarão e o pedido de fiscalização.
Em abril de 2017, o rompimento de uma barragem na fazenda Unique, no Trairi, causou inúmeros danos e a quebra de duas rodovias que davam acesso às praias de Flecheiras e Guajiru, destinos turísticos do Litoral Oeste do Ceará.
Em julho último, o Ministério Público do Ceará (MPCE) concluiu o inquérito que apurava o caso e ingressou com uma Ação Civil Pública para obrigar a empresa a reparar os danos ambientais, suspender novas atividades na barragem até a regularização e multa de R$ 50 mil pelos danos morais coletivos.
O MPCE requereu, ainda, que a empresa seja condenada pelos crimes de poluição ambiental e descumprimento de condicionante de licença, com pagamento de multa e prestação pecuniária como adiantamento das indenizações.
A Promotoria de Justiça também expediu uma recomendação ao Governo do Estado para que cobre da empresa os prejuízos causados nas rodovias, calculados em R$ 900 mil.
Curso
O rio Mundaú nasce na serra de Uruburetama, em Itapipoca, e banha mais três municípios: Uruburetama, Tururu e Trairi, onde está sua foz na fronteira com Itapipoca.