O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo reabriu as investigações sobre o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido em 1975, durante a ditadura militar. A reabertura foi possível após a condenação do Estado brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), no início deste mês, por falta de investigação, julgamento e sanção dos responsáveis pela tortura e assassinato do jornalista.
Aos 38 anos, Herzog apresentou-se de voluntariamente para depor perante militares no Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/Codi). Foi preso, interrogado, torturado e morto no local. Na época, o caso foi tratado oficialmente como "suicídio", versão contestada por sua família.
Na tarde de ontem, procuradores da República, a viúva do jornalista, Clarice, e o filho, Ivo, concederam entrevista coletiva na sede da TV Cultura, onde Herzog trabalhava, para esclarecer o alcance da decisão da Corte em relação ao caso. "Queremos a Justiça, queremos conhecer os culpados, mas não é simplesmente uma questão de reviver o passado, mas de construir um futuro melhor. Os agentes do Estado continuam cometendo crimes e saindo impunes", disse Ivo Herzog.
Para a CIDH, o caso Herzog cumpriu requisitos de crime contra a humanidade, o que extingue as possibilidades de prescrição e de anistia dos torturadores e assassinos. (Agência Brasil)