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O número dois do governo em Cuba, Miguel Díaz-Canel, de 57 anos, se prepara para suceder Raúl Castro na Presidência do País — uma substituição que abrirá o caminho para uma nova geração na ilha. Pela primeira vez em décadas, o presidente não será um membro histórico da revolução de 1959, não vestirá o uniforme verde oliva, nem será o líder do Partido Comunista de Cuba (PCC).
Ontem, a presidente da Comissão de Candidaturas Nacional, Gisela Duarte, propôs o nome de Díaz-Canel ante a Assembleia Nacional. Após o anúncio, Díaz-Canel e Raúl Castro — que estava na primeira fila — se abraçaram. Minutos antes, haviam entrado juntos e ocupado os assentos como deputados no Palácio das Convenções da capital, Havana. Atrás deles estavam Ramón Machado Ventura e Ramiro Valdés — históricos da revolução e vice-presidentes de Cuba.
Depois da votação da proposta da candidatura, pelo plenário na Assembleia Nacional, a sessão terminou e será retomada hoje, onde será informado o resultado. A data é simbólica: corresponde ao 57º aniversário da vitória na Baía dos Porcos (Playa Girón), quando foram derrotadas as tropas anticastristas, treinadas e financiadas pelos Estados Unidos em 1961.
A proposta também inclui como candidato o primeiro vice-presidente — atual cargo de Díaz-Canel —, o sindicalista afro-cubano Salvador Valdés Mesa, de 72 anos. Na chapa constam, ainda, as propostas únicas para cinco vice-presidentes, um secretário e os outros 23 membros do Conselho de Estado.
Os 31 cargos do Conselho de Estado são nomeados entre os 605 deputados que integram a Assembleia Nacional, eleita por votação popular em março. O novo Parlamento também empossou ontem e manteve na presidência Esteban Lazo, no cargo desde 2013.
Após o triunfo da revolução em 1959 e da eleição de Fidel Castro como presidente, em 1976, Cuba só teve uma transição real, quando, em 2006, ele ficou doente e passou o comando para seu irmão mais novo. Fidel morreu no fim de 2016 e agora é Raúl, de 86 anos, quem irá ceder seu assento a um representante da nova geração.
Díaz-Canel continuará com as reformas econômicas iniciadas pelo antecessor e levará a política na ilha frente o aprofundamento do embargo dos Estados Unidos e o retorno de Washington a uma linguagem que, para Havana, lembra a Guerra Fria. Em 2015, Cuba e Estados Unidos retomaram as relações diplomáticas após meio século de ruptura, e no ano seguinte Barack Obama visitou a ilha. Entretanto, a chegada de Donald Trump deteve essa aproximação.
(AFP)