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Diretor de Educação do Banco Mundial avalia iniciativas do Ceará
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Diretor de Educação do Banco Mundial avalia iniciativas do Ceará

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Os avanços e os projetos da Educação do Ceará foram tema, ontem, de reunião no Palácio da Abolição entre a vice-governadora, Izolda Cela, a primeira-dama, Onélia Santana, e o diretor sênior de Prática Global de Educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra. O Banco Mundial investe recursos na educação do Ceará que são destinados a “grandes desafios”, conforme Izolda.
 

Saavedra foi ministro da Educação do Peru de 2013 a 2016. No período, o desempenho do sistema educacional do Peru melhorou, conforme avaliações internacionais. Na entrevista, ele dialoga sobre o que o Ceará tem a aprender e a ensinar para o mundo. (Lívia Priscilla)
 

O POVO – O que mais chama a atenção do senhor nas experiências da Educação do Ceará apresentadas neste encontro?
 

Jaime Saavedra – Muitas das cidades do Ceará estão entre os municípios do Brasil que têm os melhores resultados de aprendizagem. Para o resto do Brasil, há muito o que se aprender com o que é feito no Ceará. E o que tem sido feito se aplica a muitos países do mundo, que é trabalhar com os professores por meio de parceria. É exigido muito dos professores e há muita consciência da responsabilidade que eles têm de formar as crianças. Ao mesmo tempo, se dá muito apoio pedagógico aos professores. Além disso, há o trabalho direto dos municípios e do Governo com os diretores de escolas, de tal maneira que se exija deles que façam um bom trabalho. Finalmente, é importante haver política de incentivo para que municípios que tenham melhores resultados recebam recursos adicionais. Essa combinação de políticas com professores, diretores e municípios é o que tem feito com que muitas cidades do Ceará tenham melhorado tanto.
 

OP – E o que o seu país pode ensinar ao Ceará?
 

Saavedra – O Ceará está fazendo várias coisas que nós fizemos no Peru. Para nós, também um elemento fundamental da reforma da educação e da melhora da qualidade da educação é trabalhar com os professores, é vê-los como sócios. Então, trabalhamos muito a capacitação dos professores, nós exigimos mais deles, introduzimos bônus de desempenho aos colégios que tiveram melhor rendimento. E também se começou a introduzir meritocracia entre os professores, no sentido que os que ascendem são os que têm melhor desempenho. E foi mudado o mecanismo de seleção dos diretores de escolas — de um mecanismo mais político a um meritocrático. Esse elemento fundamental que se trabalhou no Peru é bastante comum ao trabalho feito no Ceará.


OP – Quando o senhor foi ministro da Educação do Peru foram elevados os índices de aprendizagem em Matemática e compreensão de leitura. E para o Ceará isso é um desafio, porque os índices de Português e Matemática ainda não são ideais. Que conselhos o senhor daria para o Ceará melhorar esses índices?
 

Saavedra – O Ceará já está melhorando os índices de alfabetização, desempenho e performance das crianças do 2º ano e está melhorando também os do 5º ano. Eu acho que isso tem que continuar, as políticas que estão sendo trabalhadas agora têm que continuar. O desafio seguinte é melhorar a aprendizagem dos jovens do ensino médio. Aí está o maior desafio para o Brasil e para o Ceará. Houve melhoras, mas há muito o que avançar. Por exemplo: a reforma relacionada com currículo e tempo integral são fundamentais para melhorar a qualidade da educação no ensino médio.
 

OP – Como o Banco Mundial pode continuar ajudando a melhorar
a educação do Ceará?
 

Saavedra – Há diversos aspectos que estamos trabalhando. Um deles é avaliando, trabalhando o processo de monitoramento e avaliação dos modelos das experiências do Ceará, porque isso, por um lado, permite afinar e redesenhar as políticas aqui do Estado. Também é importante esse monitoramento e avaliar o que está acontecendo aqui porque queremos que outros países do mundo aprendam o que está acontecendo no Ceará. É uma relação em duas vias: ajudar o Governo do Ceará a avaliar e monitorar suas políticas e, por outro lado, aprender para que outros países possam simular o que está sendo feito aqui no Ceará.

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