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Gente de Fortaleza: Que essa fantasia seja eterna
Farol

Gente de Fortaleza: Que essa fantasia seja eterna

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Tem gente que caminha e dança sem distinção de gesto. Às vezes é um rastro sutil que carrega o olhar e o envolve em um movimento raro. Outras, é um exagero desmedido que desconcerta o observador. Sempre é transformador encontrar alguém assim. Zé falou que, quando criança, ouvia a frase “Pei, matei um gay. Pum, matei mais um”. No Carnaval, vestiu-se de flores para disparar glitter e amor. Quando o encontrei, na Praça da Gentilândia, o instante ficou suspenso no sorriso dele, que é grande como o sertão. Lembro da frase que conheci pelo fotógrafo e amigo Silas de Paula, nos tempos da faculdade de jornalismo: toda ética implica em uma estética. Embora não recorde o autor, que talvez seja o Jacques Rancière, guardei a frase como um caminho. Este cangaceiro me ajuda a percorrê-lo com a força de quem sabe transformar violência e homofobia em resistência e afirmação. A fantasia do Zé pode ser eterna. “Quem sabe um dia a paz vence a guerra e viver será só festejar”, canto como um mantra. 

 

IANA SOARES

Editora do Núcleo de Imagem

ianasoares@opovo.com.br


instagram: @gentedefortaleza

 

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