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Literatura para bebês amplia vocabulário de crianças em até 60%
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Literatura para bebês amplia vocabulário de crianças em até 60%

PRIMEIRA INFÂNCIA | Estimular o contato precoce com livros amplia o vocabulário das crianças
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Tipo Notícia


Pode parecer que não, mas a importância dos livros para os bebês vai além de um apanhado de papel para tocar, rasgar e mastigar. Mais que o desenvolvimento sensorial, a leitura tem impacto no desenvolvimento da linguagem e vocabulário na primeira infância, período que vai de zero a 6 anos.

 

O estudo “Impacto da leitura feita pelo adulto para a criança, na primeira infância, para o desenvolvimento do indivíduo”, da Fundação Itaú Social, aponta que bebês que têm acesso à literatura chegam aos 6 anos com 60% mais vocabulário que os que não são expostos a esse tipo de estímulo. O levantamento considerou artigos científicos publicados desde o início da década de 1990.

 

“A gente não dá o livro para o bebê porque acha que ele vai rasgar e morder. Mas aquele livro traz um imaginário, uma linguagem e uma história que é muito importante para o desenvolvimento da criança. Ela se alfabetiza e passa pela educação inteira com mais facilidade”, argumenta a superintendente da Fundação Itaú Social, Angela Dannemann. A entidade promove ações para incentivar a leitura para crianças. No mês de outubro de cada ano, famílias podem se registrar na Internet para receber dois livros gratuitos. Desde 2010, 51 milhões de exemplares já foram doados.

 

“Não só ler para um bebê, mas ler para uma barriga grávida faz diferença. O primeiro sentido do bebê depois do tato é a audição”, completa Angela.
Para a especialista em promoção da leitura e literatura infantil na Espanha, Beatriz Sanjuán, a literatura não ocorre somente por meio dos livros. Ela destaca que é importante que os pais e pessoas ao redor dos pequenos estabeleçam conexão com eles. O contar história e a intenção de comunicar são mais importantes que o significado das palavras.

 

“Eles entendem tudo porque não apenas as palavras comunicam. Não importa qual o idioma ou as palavras utilizadas, não importa o significado, mas a intenção de acolher e fazê-lo se sentir parte deste mundo”, diz.

 

Na era dos tablets e smartphones, as opiniões sobre a inclusão desses itens na educação das crianças se dividem. Por um lado, alguns especialistas acreditam que os aparelhos eletrônicos afastam as crianças dos livros. Por outro, há quem advogue que eles são ferramentas importantes para formar leitores críticos.

 

O doutor em didática da literatura pela Universidade Autônoma de Barcelona, Lucas Ramada Prieto, afirma que não se deve tentar isolar as crianças das novas tecnologias. Em vez disso, é importante focar em conteúdos relevantes e estimular a leitura crítica.

 

Pai de primeira viagem de uma menina de 8 meses, o professor de kitesurf, Ricardo Coelho, acredita que o importante é manter um equilíbrio saudável entre livros tradicionais e mídias digitais. “Eu, quando criança, não li tanto, então tive mais dificuldade para adquirir velocidade e compreensão. Para ela, acho que já vai ajudar bastante essa coisa de ter livros, estímulos. No celular, ela escuta músicas e já demonstra a personalidade. Eu já sei do que ela gosta e não gosta”, explica. Por enquanto, acrescenta, as mídias digitais são um último recurso de entretenimento, a preferência da família é apresentar livros de história em papel, feitos de tecido, musicais e até um de plástico, para a hora do banho.

 

DIA DO LIVRO INFANTIL

A data é comemorada no Brasil em 18 de abril, aniversário do escritor Monteiro Lobato, autor de obras do Sítio do Pica-pau Amarelo

 

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