Não é só em campo que o Ferroviário tem números positivos na Série C do Brasileiro. Atraídos pela boa campanha coral, os torcedores têm comparecido em quantidade significativa ao estádio e, em cinco jogos como mandante, o Tubarão não ficou no prejuízo nenhuma vez.
O que sobra não chega a ser grande reforço para os cofres da Barra do Ceará, mas o fato de não pagar para jogar já é celebrado pela diretoria coral. Nenhum borderô do Ferroviário teve renda líquida inferior a R$ 5 mil.
Por mandar jogos em duas praças esportivas — quando o Castelão fechou para reformas, o Ferroviário foi obrigado a jogar no PV —, o Tubarão lidou com dois padrões de despesas diferentes e isso interfere no apurado líquido.
Enquanto no Castelão existe uma taxa única de 13% referente ao aluguel do estádio, no PV é cobrada uma taxa de R$ 6 mil, que a administração do estádio afirma usar para pagar o quadro móvel interno.
No fim das contas, tem sido mais lucrativo para o Ferroviário jogar no Presidente Vargas. Contra o Imperatriz-MA, o faturamento foi de R$ 27.956,95 e diante do Botafogo-PB, no último domingo, R$ 17.762,65.
No Castelão, a maior renda líquida foi de R$ 8.146,92, no duelo contra o Santa Cruz-PE. Diante de Globo-RN e Treze-PB os valores foram semelhantes: R$ 5.889,90 e R$ 5.917,89, respectivamente.
Comparando os valores, dá até para afirmar que jogar no PV é mais rentável ao Tubarão, mas a diretoria afirma que a conclusão é precipitada. Para o vice-presidente do conselho deliberativo, Emanuel Garcia, que trabalha na sala de arrecadação em dias de jogos, "na ponta do lápis, (Castelão e PV) os rendimentos são praticamente iguais".
Se no PV a taxa é invariável, no Castelão o clube fatura mais com vendas nos bares e estacionamento. Além disso, Garcia ressalta o aumento de público de um jogo para outro.
"A diferença de arrecadação pode ser explicada pela quantidade de torcedores na arquibancada, que vem aumentando — houve, porém, pequena variação para baixo no jogo contra o Botafogo-PB. Depois do título da Série D, nós ressurgimos e os corais estão aparecendo mais", acredita o dirigente.
Os dois jogos no PV tiveram público de aproximadamente 2,5 mil pessoas, bem acima dos jogos no Castelão. Questionado se a localização das praças esportivas tem impacto no público, Garcia disse que a "prova dos nove" será tirada no jogo de 15 de julho, contra o Náutico-PE.
Além do incremento na arquibancada, outro ponto é crucial para que o Ferroviário tenha borderôs positivos. Na Terceirona, arbitragem e exame antidoping são pagos pela CBF. Só aí existe um alívio de R$ 15 mil por jogo. Curiosamente, se esse valor fosse cobrado, apenas os jogos no PV teriam dado lucro oficial.
Há também a questão dos sócios-torcedores. Desde abril, o Tubarão tem um novo programa de associados e já possui cerca de 950 inscritos. A média de entrada de sócios por jogo, segundo Garcia, é de 500. Isso significa que essa quantidade diminui na venda avulsa de bilhetes, mas por outro lado é receita antecipada nos cofres corais.
Público
Em média, o Ferroviário leva 2.114 torcedores por jogo na Série C do Brasileiro. Deles, 500 são sócios-torcedores
Jogo/Lucro
Ferroviário x Santa Cruz-PE - R$ 8.146,92
Ferroviário x Globo-RN - R$ 5.889,90
Ferroviário x Treze-PB - R$ 5.917,89
Ferroviário x Imperatriz-MA - R$ 27.956,95
Ferroviário x Botafogo-PB - R$ 17.762,65