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Esse título é minha parte da retribuição pelo que os torcedores fizeram por mim, diz Ceni
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Esse título é minha parte da retribuição pelo que os torcedores fizeram por mim, diz Ceni

Após vencer o Nordestão, Ceni afirma que o Leão chegou no máximo. Agora, é se posicionar na Série A
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 (Foto: AURELIO ALVES/O POVO )
Foto: AURELIO ALVES/O POVO

Rogério Ceni entrou para a história do Fortaleza após a conquista da Copa do Nordeste, na última quarta-feira, 29. O treinador, que já havia sido campeão da Série B do Brasileiro e do Campeonato Cearense, chega ao terceiro título pelo Leão do Pici em apenas sete meses. Incluindo os dois maiores da história do clube.

Ceni, porém, sabe da importância do Campeonato Brasileiro, e mesmo após a conquista inédita, a quinta-feira foi de trabalho para os tricolores. O estádio Almeidão, palco da festa do título, virou espaço para treinamentos ontem. Após a atividade, Rogério Ceni concedeu entrevista exclusiva ao O POVO.

No restaurante do hotel, onde a delegação tricolor estava hospedada em João Pessoa, o treinador tricolor dedicou a conquista da Copa do Nordeste ao pai Eurydes, que se recupera de uma cirurgia. E à torcida por retribuição.

O POVO - Como foi a festa pós jogo, tendo em vista que já tem o Flamengo amanhã?

Rogério Ceni - Só jantamos numa churrascaria, pessoal tomou uma cerveja, comemos...mas todos juntos. Voltamos pro hotel todos juntos, dormiram até bem tarde, recuperaram, e vamos tirar uma boa parte pro jogo. Enfrentar o Flamengo de igual pra igual é muito difícil, mas tentaremos ser um oponente digno.

OP - Já tem dimensão do feito histórico que foi conquistar a Copa do Nordeste pela primeira vez no Fortaleza?

RC- Um título inédito. Quando se fala de uma competição que disputou várias vezes e nunca teve oportunidade nem de chegar à final, muito menos vencer, passa a ter uma importância fundamental. Tenho certeza que os torcedores estão muito felizes. Atingimos a segunda conquista do ano, as mais palpáveis. Pra mim, coroa um final de campeonato com um resultado que talvez, antes de começar o ano, não imaginassem que seria possível.

OP - Em quatro campeonatos disputados, você venceu três títulos e chegou em uma final. Que avaliação faz desse período de 17 meses no Fortaleza?

RC - Extremamente positivo. Se dissesse que em quatro campeonatos iríamos chegar em quatro finais, praticamente...nós jogamos o máximo de jogos possíveis. Em todos os mata-matas, chegamos em finais. E nos pontos corridos, completamos as 38 rodadas do Brasileiro sendo campeões. Preenchemos o calendário completo de 2019 do Fortaleza e já colocando nas oitavas de final da Copa do Brasil, e também nas oitavas de final de 2020. Isso tem um valor excepcional. Chegamos no máximo do que poderia ter sido feito. Entregamos tudo que poderíamos entregar.

OP - Você sempre fala que vive uma grande aventura no Fortaleza. Como descreveria essa disputa inédita da final da Copa do Nordeste?

RC - Foram festas muito bonitas. Já tivemos a oportunidade de receber taça de campeão no Castelão, e a atmosfera é toda favorável, estádio belíssimo. Aqui, dentro do que era possível, com quase 2 mil torcedores do Fortaleza, foi fantástico. Acho que no primeiro jogo a gente foi muito bem. No segundo, tivemos a felicidade de fazer um gol logo no começo. O time foi muito coeso, se portou bem taticamente e saímos vitoriosos. Isso foi muito positivo.

OP - Seu pai tem enfrentado uma doença complicada e até passou por cirurgia. Você dedicou a conquista pra ele?

RC - Com certeza! Foi ele quem me introduziu no futebol, quem me levou pra fazer teste no São Paulo. Pra mim, têm sido dias muito difíceis, porque nos últimos 45 dias, meu pai esteve internado no hospital e eu não pude vê-lo ainda. Porque não dá pra viajar com jogo em cima de jogo. E uma das grandes paixões dele é me ver trabalhando. Foi o que passou a motivar ele após o falecimento da minha mãe. Hoje, ele é um torcedor do Fortaleza, posso garantir. Anteontem (terça-feira), quando ele saiu da cirurgia, ainda tava meio "grog", mas a primeira coisa que ele perguntou foi como iria assistir o jogo do Fortaleza. Sei que a alegria dele é a alegria do filho. E agora, depois do jogo contra o Flamengo, eu vou poder vê-lo em Curitiba, onde ele está internado, e passar tempo com ele. Isso, pra mim, é super importante.

OP - Você se considera o maior treinador da história do Fortaleza?

RC - São 100 anos de história. É muita coisa, e não sou um profundo conhecedor. Conheço a história mais recente. Quando tem a música do gol do Cassiano, você vai atrás de descobrir o porquê... saber dos títulos. Mas não conheço o passado longínquo do Fortaleza. Acho que estamos fazendo um bom trabalho, e esses dois títulos, por serem no ano do Centenário, são mais valorizados. Sobre ser o melhor ou não, daqui a 100 anos, a história talvez diga...mas sempre aparece alguém. Pode surgir um outro nome, e assim vai. Dentro de cada época, tem as pessoas importantes. Não tenho dúvidas que a gente marca o nome na história do clube, mas a cada década existe sempre um grande profissional que aparece e marca seu nome. Esse título é a minha parte da retribuição por tudo que os torcedores do Fortaleza fizeram por mim no dia do jogo contra o São Paulo, que fizeram uma festa que eu jamais havia recebido. Eu me emocionei. Que bom que pudemos retribuir agora com o título.

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