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Destaques no ano, Chico e Quintero tentam quebrar "tabu" do futebol cearense
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Destaques no ano, Chico e Quintero tentam quebrar "tabu" do futebol cearense

Meia do Ceará e zagueiro do Fortaleza podem ser primeiros estrangeiros a deslancharem no futebol local
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QUINTERO foi o primeiro colombiano a virar ídolo de clube cearense
 (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves QUINTERO foi o primeiro colombiano a virar ídolo de clube cearense

O futebol cearense vive um tabu de mais de 100 anos de história. Nunca um jogador estrangeiro se firmou em solo alencarino. Os maiores clubes do Estado, Ceará e Fortaleza, colecionam vexames. Diante do péssimo retrospecto, as contratações de atletas de fora do Brasil, muitas vezes, foram tratadas como piada pelo torcedor.

Entretanto, dois jogadores despontam com chances de mudar esta sina centenária. Um é o artilheiro do Ceará no ano, com quatro gols em 2019. O outro é o novo xerife da zaga do Fortaleza. Chico, no Alvinegro, e Quintero, no Tricolor, conquistaram rapidamente o apoio dos torcedores com o desempenho em campo.

Filho de imigrantes coreanos, o meia-atacante de 27 anos nasceu em Cascavel, cidade paranaense que faz divisa com o Paraguai, tem dupla nacionalidade e possui o sonho de vestir a camisa da seleção da Coréia do Sul.

Apesar do local de nascimento, os olhos puxados e o nome de batismo evidenciam a origem de Francisco Hyun-sol Kim. O brasuca-coreano já rodou por diversos clubes do Brasil, além de duas passagens pela Coréia do Sul, e atuará pela primeira vez na Série A.

"Estou muito motivado. Muitos jogadores me disseram que Série A é diferente. Quero me preparar para chegar bem", disse Chico, em entrevista exclusiva ao FutCast, podcast do O POVO sobre futebol cearense, que vai ao ar na quinta-feira, 28.

Fã de Park Ji-sung e Ronaldinho Gaúcho, o novo xodó da torcida do Ceará já projeta boa atuação para o seu primeiro Clássico-Rei. Vovô e Leão se enfrentam nos dias 10 e 17 de março.

"Serão muitos em (2019). É um dos maiores clássicos do Brasil. Rivalidade muito forte. A gente sabe da importância. Então é cada dia se preparar, se manter em forma para chegar muito bem no clássico e sair com a vitória."

Juan Quintero, 23, ganhou status de "xerifão" do sistema defensivo do Fortaleza após a atuação decisiva no empate em 2 a 2 diante do Bahia, no Castelão, quando marcou - mesmo machucado - o gol que selou a igualdade. O camisa 3 jogou boa parte do segundo tempo com corte profundo no pé direito, mostrando raça e caindo nas graças da torcida. Depois da partida, levou oito pontos.

"Olhei para a chuteira e vi que estava rasgada, cheia de sangue. Quando saí do campo que tirei, era uma ferida grande, o Rogério (Ceni, técnico do Fortaleza) chegou a me falar que eu não poderia seguir jogando, que era melhor sair e eu disse que não, que queria seguir", disse Quintero em entrevista exclusiva ao O POVO.

Nascido em Calí, Colômbia, o defensor é cria da base do Deportivo. Como profissional, só jogou pelo time colombiano e o espanhol Sporting Gijón. Mesmo sem ter atuado no futebol brasileiro, o zagueiro tem apresentado rápida adaptação.

"Tem sido fácil. Acredito que, principalmente, pela ajuda dos meus companheiros de time, da torcida, todos me acolheram com muito carinho e isso facilitou minha adaptação, além da atenção do técnico Rogério", explicou.

Questionado se pode ser o primeiro caso de atleta estrangeiro bem-sucedido no Pici, Quintero adota discurso cauteloso. "Acho que sucesso ainda é uma palavra grande para o que estou vivendo. Estou começando, trabalhando mais forte e evoluindo. Sucesso é quando alguém conclui seus objetivos, vence e é campeão dos campeonatos."

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