É possível que você não tenho notado a falta dele, mas quando presente ele não passava despercebido. Na atual edição do Campeonato Cearense, em que a primeira fase não conta com Ceará e Fortaleza e o Ferroviário é o clube que mais atrai holofotes, alguma estrepolia ou reação espontânea dele, fosse de alegria ou lamento, já teria chamado a atenção da mídia. O status de mascote mais querido do futebol cearense não era acaso, assim como a ausência dele dos jogos do time coral também não é.
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O Ferroviário já jogou duas vezes em casa no Estadual e o Tutuba não deu as caras no PV. Aliás, desde a metade de outubro do ano passado que a irreverência do mascote não acompanha o clube. Antes por problemas de agenda. Hoje, por luto.
Ronierbson Gomes e Silva, que dava vida ao mascote, faleceu no dia seguinte à conquista da Taça Fares Lopes de 2018 pelo Ferroviário. Naquela decisão, assim como nos dois jogos anteriores, ele não chegou a tempo de trajar o Tutuba, devido a complicações no trabalho - ele interpretava o tubarão de forma voluntária. Desde a morte do intérprete, a diretoria coral resolveu dar um tempo com o personagem nos gramados.
"Algumas pessoas nos param no estádio e perguntam pelo Tutuba, mas entendem o motivo da ausência, quando explicamos", diz o vice-presidente do Ferroviário, Newton Filho. O dirigente acredita que era necessário dar uma pausa na utilização do mascote por um momento em respeito a Roni, como era conhecido. Mas o personagem não foi aposentado. "Não decidimos ainda a data do retorno, mas o Tutuba vai voltar", avisa.
A fantasia pode não estar presente, mas toda vez que o Ferroviário entra em campo, Tutuba e Roni estão juntos. A olho nu não é fácil perceber, mas no canto esquerdo inferior da camisa que o goleiro Gleibson usa, há um selo com um desenho do mascote e o nome Ronierbson. Trata-se de uma homenagem do clube a um torcedor que fez a diferença na Barra.
A ideia foi anunciada na entrega do prêmio Tubarão de Ouro, ainda em dezembro, quando o time apresentou o material para a temporada 2019. A esposa de Roni, Nivanda Ribeiro, esteve presente ao evento, recebeu um placa in memorian ao marido e a notícia que a homenagem iria além da lembrança.
As camisas de goleiro com o selo do Tutuba serão vendidas para o público, com parte do valor arrecadado pela venda sendo destinado à família de Roni.
A iniciativa deve ser colocada em prática a partir da primeira quinzena de fevereiro, quando a BM9, fabricante do material, disponibilizará o uniforme para o varejo. O preço de cada peça e o valor do percentual ainda não estão definidos.
A ligação da família Gomes com o Ferroviário, no entanto, pode se estender além disso. Em homenagem ao cunhado, o marido da irmã de Ronierbson, Vitória Gomes, vai solicitar para a diretoria coral herdar o posto de Tutuba. Pintor, Gleisson Barroso está disposto a, nos dias de jogos, incorporar o simpático mascote.
Ele ainda não procurou nenhum dirigente, mas a concorrência não deve ser grande. Newton Filho diz que o Ferroviário ainda não tem ninguém em vista para interpretar o Tutuba. O personagem não vai sofrer nenhuma modificação. Portanto, seja lá quem for o responsável a dar vida ao "tubarão", terá de carregar consigo um pouquinho da personalidade que Roni imortalizou no mascote.