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Esporte apequenado
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Esporte apequenado

Em uma pasta vinculada também a Desenvolvimento Social e Cultura, área esportiva corre o risco de ser engolida e ver seus recursos redirecionados
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O aspecto financeiro é apenas um dos que preocupam na decisão do Governo Federal eleito em extinguir o Ministério do Esporte. Existem outros fatores em jogo, que podem causar uma involução sem freio para a prática esportiva no Brasil. No próximo ano, o orçamento previsto para o setor em nível federal é menos da metade do aporte de 2018. Mas para analista e gestor, a perda de status pode pesar mais.

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"(Há) Perda de relevância. A primeira coisa de ruim quando se perde um ministério é que você deixa conversar com ministros", pontua o jornalista Demétrio Vecchioli, autor do blog Olhar Olímpico, do UOL. A partir de janeiro, a pasta vira uma secretaria, provavelmente comandada pelo general Marco Aurélio Costa - ex-diretor-executivo de operações da Olimpíada do Rio de Janeiro -, dentro do Ministério da Cidadania, cujo titular será Osmar Terra. 

 

Para justificar o ponto de vista que defende, Vecchioli usa um exemplo militar que dá certo.

 

"Quem é 'bolsonarista' faz alusão ao sucesso do projeto Forças no Esporte - programa realizado pelas forças armadas, que usa o esporte como instrumento social -, só que ele é fruto de quatro ministérios. É executado pelo Ministério da Defesa, mas tem verba do Ministério do Esporte e apoio logístico institucional dos ministérios da Juventude e Desenvolvimento Social. E isso só acontece porque o ministro da Defesa senta com o do Esporte. Ou, no mínimo, o ministro do Esporte é recebido por alguém relevante no da Defesa. Se você deixa de ter um ministro, esse cara não vai conseguir levar a demanda adiante", analisa.

 

Outra questão levantada por Vecchioli tem a ver com as prioridades do Ministério da Cidadania, que vai englobar também as pastas de Cultura e Desenvolvimento Social.

 

"Se você tem um ministro com um milhão de outras preocupações (além do esporte), ele não vai ter tempo para sentar e entender (as demandas). Se um assessor dele ouve, passa adiante para outro, que passa adiante para outro, na hora que chegar no terceiro vendedor, ele não vai saber defender aquilo pelo qual está brigando", diz Vecchioli.

 

O secretário do Esporte do Ceará, Euler Barbosa, tem pensamento semelhante. Ele acredita que o desenvolvimento social pode ficar com boa parte dos recursos que poderiam ser alocados no Esporte. "Se você pensar que os programas de assistencialismo do Governo, como o Bolsa Família, são programas importantes. Quanto (mais) dinheiro vier, mais vai precisar. Ou seja, essa demanda é permanente e vai ser priorizada. Vão tirar do esporte e colocar no Bolsa Família, porque o social estará sendo feito do mesmo jeito", exemplifica.

 

Um outro problema apontado por Barbosa está na regulação do esporte, que pode atrapalhar parcerias. "Hoje o ministério detém o sistema nacional do Esporte, que envolve todo o conjunto de procedimentos e regulamentos de federações. O sistema nacional de esporte garante, por exemplo, a base que as secretarias estaduais precisam para realizarem convênios internacionais e conseguirem financiamentos internacionais", disse.

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