Não foi em um cenário adequado nem após uma trajetória das mais solenes, mas River Plate e Boca Juniors entregaram ontem uma final à altura da Copa Libertadores da América. No fim, foi o River quem comemorou. Venceu por 3 a 1, na prorrogação, e sagrou-se tetracampeão. Porém, torcedores do mundo inteiro puderam se deleitar com um jogo em que técnica até faltou, mas sobrou entrega e emoção, no que pesem as polêmicas.
O jogo que começou chocho desbocou em uma prorrogação épica. O River terminou com dois a mais, após a expulsão de Barrios, no começo da prorrogação, e a contusão de Gago, que deixou campo 25 minutos depois. Mas o Boca não abdicou. Os xeneizes ainda vão lamentar por muito tempo a bola na trave por Jara, no penúltimo lance do jogo.
Foram muitos outros, porém, os contornos de esplendor e drama da prorrogação. Teve o chutaço no ângulo que virou a partida, assinalado por Quintero. Teve o goleiro Armani, do Boca, virando líbero e centroavante. Teve o River chegando inúmeras vezes com superioridade numérica diante do gol, mas não aproveitando. Só no último lance não teve jeito. Com todo o Boca no ataque - inclusive o goleiro -, Pity Martinez só conduziu a bola para o gol vazio, partindo já para a comemoração do título.
Os primeiro 90 minutos não viram tamanha agitação. Pelo contrário, sobraram lances truncados, chutões e poucos passes certos trocados. Com certeza, foi o maior número de minutos com bola parada que o Santiago Bernabéu viu nos últimos tempos ? 34 faltas ao todo. O River chegou a ter 65% posse de bola, mas pouco soube o que fazer com ela. Espaço só foi haver no fim do primeiro tempo, quando ambos os times tiveram contra-ataques à disposição. Só o
Boca aproveitou, com o amuleto Benedetto.
Coincidência ou não, ele foi sacado no começo do segundo tempo e o River cresceu. Igualou em dez minutos todos os chutes que havia dado no primeiro tempo. Até que, aos 22, após boa trama, Pratto completou para o gol. O jogo voltaria ao marasmo, até a insânia da prorrogação.
A comemoração é que não foi à altura. Claro, faltava a alma de um Monumental de Núñez, estádio do time campeão, comemorando o maior troféu do continente sobre o arquirrival. Também não estiveram à altura as controvérsias acumuladas pelo River até a final.
Zuculini deveria cumprir suspensão, mas jogou sete partidas do torneio. Sem punição. Nas quartas de final, pênalti claro para o Independiente não assinalado quando o jogo estava 0 a 0. O árbitro Anderson Daronco não só não marcou, como não chamou o VAR, contrariando a recomendação dos auxiliares.
Nas semifinais, diante do Grêmio, o técnico Marcello Gallardo cumpria suspensão, mas foi aos vestiários do estádio rival e manteve contato com a comissão técnica por toda a partida. A arbitragem da partida também foi bastante questionável. E, claro, ainda houve o vexame no segundo jogo da final, em que os torcedores Milionários atiraram objetos contra o ônibus do Boca, causando ferimentos nos jogadores do rival e provocando o adiamento da partida.
Um resultado final em Madri, na Espanha, grande conquistadora da América, para uma Copa Libertadores recheada de polêmica.
LIBERTADORES DA AMÉRICA 2018 3x1
River Plate
4-3-3: Armani, Montiel, Maidana, Pinola e Casco; Ponzio (Quintero), Fernández (Zucullini) e Pérez; Palacios (Álvarez), Martínez e Lucas Pratto. Téc: Marcello Gallardo
Boca Juniors
4-3-3: Andrada, Buffarini (Tevez), Magallán, Izquierdoz e Olaza; Nández, Barrios e Pérez (Gago); Villa (Jara), Pavón e Benedetto (Ábila).
Téc: Guillermo B. Schelotto
Local: Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid-ESP
Data: 9/12/2018
Árbitro: Nestor Cunha (URU)
Assistentes: Nicolás Tarán e Mauricio Espinosa (URU)
Cartões amarelos: Maidana, Casco, Ponzio e Fernández (River); Pérez e Tevez.
Cartões Vermelhos: Barrios (Boca Junior)
Público: 62.282 presentes