"O mais provável é ter o enfraquecimento da Copa do Nordeste", analisa Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, referência em estudos sobre o futebol brasileiro. O especialista é pessimista em relação ao futuro da competição com o fim dos canais Esporte Interativo (EI) na televisão, dona dos direitos de transmissão do torneio desde 2013 e responsável por abrir um espaço nunca antes visto na TV fechada para o futebol regional.

Entre os principais clubes do Nordeste, Ceará e Fortaleza serão diretamente impactados com a continuidade ou não da competição em termos de apelo, do fortalecimento de marca e das cotas. Para 2019, o acordo estabelecido entre a Liga Nordeste e a emissora assegura R$ 3,12 milhões para Alvinegro e Tricolor, juntos, pela participação na 1ª fase. O Esporte Interativo possui o direito de transmissão até 2022, mas, com o encerramento das atividades na TV, não deve mais transmitir as competições. Os principais produtos de sua programação - a Liga dos Campeões e o Brasileirão - vão migrar para os canais TNT e Space (voltados para entretenimento, com conteúdo de filmes e séries), ambos pertencentes ao grupo Turner, dono da emissora brasileira e responsável pela decisão de finalização dos canais EI.

[SAIBAMAIS] 

O SBT Nordeste, que transmite a competição na TV aberta desde este ano, assegurou que vai exibir o Nordestão em 2019. Já a Liga Nordeste garante "a continuidade do crescimento financeiro da competição". Entretanto, na análise de Fernando Ferreira, é difícil se repetir uma operação como a realizada pelo Esporte Interativo, assim como a tendência, a médio prazo, é de um cenário negativo para novos parceiros.

"Vale para os principais clubes. Ceará e Fortaleza se enquadram perfeitamente. É difícil manter atrativa uma regionalidade. No mundo, cada vez mais evolui o interesse por campeonatos nacionais e continentais. É uma tendência mundial", afirma Fernando.

Para o diretor da Pluri, os clubes precisam pensar estrategicamente em focar nos campeonatos nacionais, principalmente as Séries A e B, onde estão os grandes volumes de recursos, além dos continentais Libertadores e Sul-Americana. "Tem que colocar na cabeça que, no futebol, 40% a 50% da receita em quase todo o mundo vem da TV. É a conta que mais sobe. As receitas de direito de transmissão são preponderantes. Os times precisam olhar onde está a televisão."

O especialista vê poucas alternativas para a operação do Esporte Interativo em relação ao Nordestão. "A Globo não é (alternativa) para a Copa do Nordeste, neste momento, por estar passando por reestruturação. O SBT, por outro lado, para 2019 deve conseguir. Mas o SBT não é um parceiro confiável do futebol, é errático, entra e sai. Às vezes mostra interesse. Não tem tradição com futebol. Não o vejo como alternativa", explica.

NÚMEROS

R$ 3,12 mi

estão garantidos para os clubes cearenses no Nordestão 2019