Jérémy Morisso, francês residente na Capital há cerca de seis meses, ensinando língua francesa na Universidade Federal do Ceará (UFC), disse que comemorar aqui é importante “porque os brasileiros sabem aproveitar o futebol”. A torcida brasileira contra, segundo Jérémy, surgiu do desejo natural do ser humano de torcer pelo menor competidor. “Seria assim com a gente também, eu acho”, afirmou.
Para o também francês Benjamin Egot, que estava em Fortaleza na Copa de 2014, é “esquisito” ter visto o Brasil perder em casa e, agora, comemorar a vitória de sua seleção em solo brasileiro. “Aqui é o país do futebol, é quase uma religião. Agora é que essa cultura está crescendo na França, reforçada pela mistura. Lá se discutia muito a identidade francesa, quando existe francês de toda cor, gosto e jeito. E futebol é isso, é juntar tudo e todos”, avaliou.
A esposa de Benjamin, a brasileira Isabelly Egot, contou que, se a final fosse Brasil e França, provavelmente não torceria para ninguém. “Vim mais por causa dele. Se fosse com o Brasil, ficaria embaixo da mesa”, brincou. Ela chamou diversos amigos brasileiros para assistirem ao jogo de ontem. As respostas, entretanto, eram de que talvez o marido não fosse gostar das companhias, já que a maioria havia decidido torcer pela Croácia.
O estudante cearense Antônio Machado, 31, disse que a torcida contra a França valorizava a boa formação do time croata, que o fez chegar até a final. “A surpresa faz a gente torcer. Claro que tem um pouco de rivalidade, mas também a gente considera que é melhor torcer para os times que estão mais longe de chegar ao penta. Para não correr o risco de sairmos do topo da pirâmide”, avaliou.
Numa avaliação quase imparcial, Maxime Bouluillon, no Brasil de férias, disse que a França teve sorte no jogo e que foi no segundo tempo que o time se empolgou. “Isso é uma característica da seleção francesa, jogar melhor no segundo tempo. Teve também a boa desenvoltura do técnico (Didier Deschamps), que conseguiu melhorar muito o time que não foi tão bom na Copa de 2014”, analisou. Sobre o craque da seleção, o atacante Mbappé, o destaque foi a velocidade. Questionado sobre a comparação do menino de 19 anos com Neymar, que também joga no PSG como Mbappé, Maxime dispara: “não há comparação, porque ele não cai”.