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Por que Putin é um dos grandes vencedores da Copa da Rússia
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Por que Putin é um dos grandes vencedores da Copa da Rússia

LIDERANÇA. Conduzindo bem-sucedido Mundial, o presidente mostra Rússia aberta e conectada, bem distante da antiga propaganda ocidental
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A Rússia pode ter sido eliminada há uma semana pela Croácia, mas é de lá um dos maiores vitoriosos da Copa do Mundo. À frente da bem-sucedida organização do evento, o presidente russo Vladimir Putin já colhe frutos de um Mundial que mostrou uma Rússia aberta e conectada, bem diferente da imagem autoritária que persegue o País há décadas.


Com reunião marcada com Donald Trump em Helsinque, Finlândia, na próxima semana, Putin tem fortalecida sua principal arma na busca por uma Rússia global: a própria imagem. Desde 2014, quando o país sediou as Olimpíadas de Inverno em Sochi, a cotação do russo vinha em baixa — escândalos de doping, intervenção na Ucrânia, interferência na eleição americana.

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A final histórica entre França e Croácia no próximo domingo, no entanto, pode virar a página das polêmicas e mostrar ao mundo que a Rússia “não é tudo isso que dizem por aí”. Com dois milhões de turistas no evento — uma raridade nos padrões locais —, o Kremlin prova que a antiga potência soviética é um país como qualquer outro, em que estrangeiros podem visitar, investir e promover intercâmbio cultural.


A mudança da imagem russa pode parecer pouco para o brasileiro, povo acomodado com a pecha quase universal — os argentinos que nos desculpem — de alegre e bom anfitrião. Para a nação de Putin, no entanto, qualquer distanciamento do estereótipo do retrógrado e autoritário e fechado vem após um esforço de décadas contra a propaganda ocidental da Guerra Fria.


Reeleito este ano para o quarto mandato, Putin se consolida hoje como o porta-voz dessa nova Rússia. E mesmo com quase três anos até as próximas eleições legislativas do País, não existe hoje figura na política russa capaz de bater de frente com o clã do carismático — e ocasionalmente descamisado — líder de expressão sisuda e fala controlada.


O atual contexto internacional ajuda a liderança de Putin. Na quarta-feira passada, encontro da Otan em Bruxelas, na Bélgica, terminou com embates entre Trump e a premiê alemã Angela Merkel. Indo contra a união ocidental, inimiga mortal do Kremlin, o presidente americano criticou dependência da Alemanha do gás russo, chegando a chamar o País de “pião” de Moscou.


Pesam contra a liderança de Putin em escala global as graves acusações de homofobia e racismo dentro do governo russo, além de violações diversas de Direitos Humanos. Nos últimos anos, o governo acumulou polêmicas e retrocessos neste campo, como a famosa lei que proíbe a manifestação de símbolos LGBT no território do País.


O contexto internacional, no entanto, ajuda mais uma vez o Kremlin.

Até a Guerra Fria vistos como “espelho progressista” para a retrógrada União Soviética, os EUA relaxaram a postura de antigo “cão de guarda” da aplicação de valores democráticos. Atualmente, o governo Trump acumula críticas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU — ameaçando inclusive retirar representantes do País no grupo — e polêmicas com imigrantes de fazer corar a legislação homofóbica russa.


Em 2001, Putin apelou para uma história melodramática de uma cruz que recebeu da mãe e que sobreviveu a um incêndio para seduzir o então presidente americano George W. Bush. Profundamente religioso, Bush deixou o primeiro encontro com o russo dizendo que o “olhou nos olhos e viu sua alma” — frase que viria a fazê-lo amargar arrependimentos por anos. Resta saber qual será a cruz do russo contra o aparentemente indomável Trump.

 

PRÓXIMOS PASSOS


REUNIÃO COM TRUMP


Está agendada para a próxima semana, em Helsinque, primeiro encontro pessoal entre Vladimir Putin e o presidente dos EUA, Donald Trump. Um dos eventos mais esperados da diplomacia mundial dos últimos anos, o encontro externará qual será a posição da Otan da era Trump com relação à ocupação da Rússia na Crimeia e demais conflitos ocorrendo na região.


LÍDERES MUNDIAIS


Marcada para o final de novembro, reunião da cúpula do G20 em Buenos Aires será outra oportunidade para Putin exercer “queda de braço” com os principais líderes ocidentais na busca pela condução de políticas internacionais. Ao lado de líderes de Alemanha, EUA, França, China e até do Brasil, o russo já contará com o reforço da imagem russa adquirido durante o Mundial deste ano.


ELEIÇÕES


Com a eleição presidencial russa já tendo ocorrido neste ano, o grupo político de Putin voltará a disputar comando do País nas urnas apenas em 2021, quando estão agendadas novas eleições legislativas na Rússia. Atualmente, o grupo próximo de Putin concentra mais de 50% do parlamento russo, com o segundo maior partido elegendo apenas pouco mais de 10% dos assentos.

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