Logo O POVO+
Machismo na Copa do Mundo
Esportes

Machismo na Copa do Mundo

VÍDEOS. Assédio cometido por brasileiros na Rússia repercute e levanta debate sobre machismo
Edição Impressa
Tipo Notícia

Exposição internacional, nomes e profissões divulgados, empregos perdidos. O assédio a uma russa durante a Copa do Mundo por um grupo de brasileiros moveu um levante contra a ação dos torcedores, mas também expôs como o machismo é naturalizado. Depois do vídeo em que aparecem gritando a respeito do órgão feminino, pelo menos outros três casos de brasileiros em atitude semelhante e um registro de colombiano abordando japonesas também têm repercutido.

[SAIBAMAIS]

Para a psicanalista, mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Ruth Arielle a “naturalização desse tipo de comportamento e ainda é um sombra que nos acompanha”. “Há a a tendência masculina de fetichizar a figura feminina, diminuindo a mulher a um valor de objeto”, diz.


Em entrevista, um dos homens do vídeo argumenta que estava sob efeito de álcool e chama a situação de brincadeira. “Estar sob efeito de álcool é, pelas estatísticas, um dos principais argumentos utilizados por homens que violentam e agridem mulheres. Nesse caso, houve a exacerbação e a publicização de práticas que são realizadas no cotidiano. E há uma questão forte de como o homem se sente empoderado o suficiente e acredita em impunidade, ou mesmo que é brincadeira”, analisa a professora do curso de Serviço Social da Universidade de Brasília e pesquisadora do Observatório de Violência Contra Mulher (Observem), Hayeska Costa Barroso.


Ela lembra que o machismo está presente em todo o mundo e é transversal às classes, etnias e orientações sexuais. Contudo, em países como Brasil e Colômbia, a formação histórica, o moralismo religioso e os processos ditatoriais se reúnem para tornar o machismo ainda mais frequente.

[QUOTE1]

Questionado sobre o posicionamento em relação aos brasileiros, o Itamaraty se limitou a informar que elaborou um “guia consular com o propósito de orientar torcedores e turistas brasileiros em viagem à Rússia” que “faz recomendação expressa contra atos de violência verbal, visual ou física, em especial atos que insultem ou humilhem pessoa, em razão de gênero, raça, etnia, origem social, religião e orientação sexual”.


Já a CBF, procurada por meio de assessoria, não respondeu aos questionamentos e não se posicionou.


A postura das entidades brasileiras é diferente da adotada pelo Consulado Colombiano, que usou as redes sociais para declarar que o comportamento dos torcedores colombianos, semelhante ao dos brasileiros, “degrada as mulheres, insulta outras culturas, nosso idioma e nosso país. É inaudito maltratar uma mulher aproveitando-se de barreiras linguísticas”.

O que você achou desse conteúdo?