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Novo técnico do Ceará, Jorginho tem desafio de manter time na Série A
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Novo técnico do Ceará, Jorginho tem desafio de manter time na Série A

Comando técnico com perfil pragmático, Jorginho costuma armar seus times com saídas rápidas de contra-ataques e sistemas defensivos sólidos. Alvinegro é o seu 10º clube
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Anunciado oficialmente ontem, Jorge de Amorim Campos - o Jorginho - tem a missão de comandar a reação do Ceará para se manter na elite do futebol brasileiro, principal objetivo do planejamento da diretoria do clube para 2018. O time de Porangabuçu será o 10º desafio do treinador.

[SAIBAMAIS]

O seu último trabalho foi no Bahia, entre junho e julho de 2017, quando comandou a equipe por 14 jogos (quatro vitórias, quatro empates e seis derrotas).


Tetra-campeão em 1994 pela seleção brasileira como jogador, Jorginho iniciou a carreira de técnico em 2005, com o América-RJ. De lá pra cá, acumula passagens por clubes brasileiros como Goiás, Figueirense, Flamengo, Ponte Preta e Vasco, além do Kashima Antlers, do Japão, e do Al Wasl, dos Emirados Árabes Unidos.

 

O novo comandante alvinegro tem um perfil pragmático, que costuma mudar pouco quando encontra a formação ideal. O torcedor do Vovô pode esperar um time organizado no 4-4-2 ou no 4-2-3-1, esquemas bastante utilizados pelo carioca ao longo de sua carreira.


 

Duas características do atual “professor” se encaixam perfeitamente ao momento do Ceará. Jorginho sabe trabalhar com elencos limitados e valoriza o sistema defensivo. O time amarga a penúltima colocação e tem a segunda pior defesa da Série A, com dez gols sofridos.

 

O ex-lateral-direito da seleção brasileira procura construir uma equipe compacta dentro de campo, com contra-ataques rápidos e um sistema defensivo sólido. Com esses “truques”, Jorginho viveu seus melhores momentos como treinador nas temporadas de 2011, com o Figueirense, e de 2016, com o Vasco.


Na equipe de Santa Catarina, Jorginho deixou de ser o ex-auxiliar de Dunga na Copa do Mundo de 2010 para consolidar sua imagem como treinador.

O Figueira de 2011 bateu na trave na briga pela classificação para a Libertadores e terminou a Série A em 7º lugar, numa campanha histórica lembrada com carinho até hoje pelos torcedores.


No comando do Vasco, Jorginho chegou em 2015 para tentar salvar a equipe do rebaixamento para a Segundona. O time carioca conseguiu reagir no 2º turno, mas não foi suficiente para se livrar da degola. No ano seguinte, ele seguiu no comando do Cruz-Maltino, conquistando o Campeonato Carioca, uma série invicta de 34 jogos e o acesso de volta à Primeira Divisão.


Além do Campeonato Carioca, o currículo do treinador possui as conquistas da Copa Suruga e da Liga Japonesa pelo Kashima Antlers, em 2012, e o vice da Sul-Americana pela Ponte Preta, em 2013. O técnico também soma dois rebaixamentos da Série A para a B, com a própria Macaca e o Vasco.


Jorginho terá hoje seu primeiro contato com o elenco. O Ceará joga amanhã contra o CRB pela Copa do Nordeste, mas o treinador só vai estrear no domingo, no Castelão, diante do Grêmio.


CEARÁ


O trabalho mais duradouro de Jorginho foi pelo Vasco, de agosto de 2015 a novembro de 2016. Foram 87 jogos com 44 vitórias, 24 empates e 19 derrotas

 

ANÁLISE  Mais do mesmo

 

O ótimo trabalho de Marcelo Chamusca desde que chegou ao Ceará em meados de 2017 não foi repetido na Série A. O técnico cometeu erros relevantes nos seis jogos da primeira divisão, especialmente nas mudanças táticas exageradas – algumas jamais testadas – e na insistência com alguns jogadores sem rendimento.


Ainda assim, sua demissão foi precipitada. É mais do mesmo, compreensível apenas no cenário surreal do futebol brasileiro. Serve como justificativa da diretoria – acostumada a demitir técnicos – para a montagem de um elenco até agora capaz de somar apenas três pontos em 18.


Chamusca sai de cena tendo conquistado o acesso para a Série A em 2017, o título estadual em 2018 e a classificação tranquila para a segunda fase da Copa do Nordeste, deixando a equipe a um empate (0x0, 1×1 ou 2×2) das semifinais.


O Ceará perde um treinador capacitado, com amplo conhecimento do elenco e preparação física, mas em uma relação tão frágil, bastaram sete jogos sem vencer para a demissão. Seus auxiliares diretos, Caé Cunha e Roger Gouveia, também saíram, mas o trio deixa um legado importante.


Já Jorginho chega ao clube precisando reerguer seu trabalho. Grande jogador na lateral direita e no meio-campo, ainda não fez em 13 anos como treinador nada parecido.


Suas melhores passagens no Brasil - ganhou dois títulos no Japão pela Kashima Antlers em 2012 - foram pelo Figueirense, na Série A em 2011 e em alguns momentos no Vasco (2015 e 2016, com título estadual e boa Série B). No Flamengo ficou pouco porque a eliminação do estadual e o ruim início de Série A 2013 culminaram em demissão. No mais, seus trabalhos têm aproveitamento baixo, usualmente montando equipes no 4-2-3-1. Deixou o Bahia em 2017, clube mais recente em que atuou, com apenas 38% dos pontos conquistados. No Goiás, em 2010, e na Ponte Preta, em 2013, ficou em torno de 37%, mas chegou às finais da Copa Sul-Americana.O Ceará também precisa de Jorginho, o que torna o ânimo da relação equânime. A necessidade comum: permanecer na Série A. Longe de ser uma certeza ou uma incerteza, é uma aposta


FERNANDO GRAZIANI

fernandograziani@opovo.com.br

 

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