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Eterna reciclagem de velas
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Eterna reciclagem de velas

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O tocheiro das velas queima dia e noite. Para dar vazão a tantas toneladas, o funcionário passa, em tempos como estes, 40 dias sem ir em casa. Dorme no Santuário, depois de garantir que os caixotes de velas estão repostos e cheios, antes da famosa procissão das velas, que vem acontecendo todas as noites, na programação do Centenário. Pedro Luz, 57, não para um minuto. Diz que não existe coisa igual no mundo.


Só em agosto do ano passado, mês da tradicional visita a Fátima dos imigrantes, ou seja, portugueses que vivem no estrangeiro e voltam de férias, foram queimados 5 mil litros por dia de velas. “Imagina agora, nesse 13 de maio?” Para dar vazão, o caminhão cisterna fica encostado ali, levando as toneladas de parafina 15 quilômetros além, numa pequena aldeia chamada Mira de Aire, onde as toneladas de parafina vão ser recicladas, transformadas de novo em velas, levadas de novo ao Santuário, vendidas de novo e queimadas de novo. “Ela protege-me!”, diz Pedro. “Se eu acendo velas? Sim, para os meus pais que perdi menino”, responde. “Ela entregou esse trabalho só pra mim!”, explica. “Assim fico aqui, sempre ao pé dela!”.


Pedro Luz aproveita pra dizer que fala cinco línguas. “Queria ser guia turístico, mas Ela me chamou pra cá”, diz. “Aqui é o local da magia”, explica. É aqui que tudo acontece. “Três crianças analfabetas tinham lá capacidade de manter uma mentira assim?”, argumenta, sorriso nos lábios e braços cheios de velas.

 

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