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Aljustrel e Valinhos: aldeias onde nasceram os videntes
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Aljustrel e Valinhos: aldeias onde nasceram os videntes

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Sem Aljustrel e Valinhos, a ida ao Santuário não está completa. Foi lá que os três pastorinhos nasceram, trabalharam na lida com as ovelhas e testemunharam parte das aparições do Anjo e da Senhora do Rosário. É um local a meio do caminho, entre o passado e o presente, digamos. Na pequena aldeia de Aljustrel, ruas estreitas e casas simples, inclusive as pequenas moradias das três crianças. Os ônibus de turismo forçam a passagem e cospem centenas de visitas todos os dias. A população já se acostumou e o comércio de objetos religiosos se multiplica.

 

Nem é preciso seguir placas em Aljustrel, basta seguir a multidão. Pois, o grande afluxo mesmo é na casa onde nasceram e viveram os dois novos santos da Igreja e a irmã Lúcia. Ambientadas como na época, funcionam como pequenos museus, a entrada é grátis e lá aprendemos como era o cotidiano dos pequenos pastores. Visitar as casas, no entanto, é tarefa difícil. Muita gente se acotovela no exíguo espaço. Por isso, não é o caso de passar muito tempo a entrançar nos minúsculos quartos e ver as camas infantis dispostas. O que se tira da vista é a extrema pobreza em que vivia a família Marto.


Do lado de fora, misturados aos moradores, restam ainda muitos descendentes. Sobrinhos vivos de Jacinta, Francisco e Lúcia, que vivem ainda ali nas vizinhanças, vendo da janela o número de devotos e curiosos se multiplicar por aqueles lados, nas últimas décadas. Com 97 anos, Maria dos Anjos é a parente mais famosa. Uma atração à parte, digamos, para os sortudos que passam por ali bem na hora em que ela costuma botar a cadeira à porta. A reportagem do O POVO não a encontrou, ela anda adoentada, dizem, mas é personagem habitual nos jornais locais.


Maria dos Anjos é filha de João, irmão de Jacinta e Francisco, cujos pais – Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus – tiveram sete filhos. Segundo o jornal eletrônico português Observador, Maria dos Anjos tem ainda boa memória. Em entrevista ainda este ano ao Diário de Notícias, conta o que ouvia do pai: “tudo se estava a cumprir conforme eles tinham dito”. Francisco tocava flauta, Jacinta dançava, mas, segundo os parentes vivos, tudo isso se acabou com as aparições. Os meninos passaram a ter horas de rezas, jejuns e outras privações do corpo como sacrifícios à Senhora do Rosário. Além, claro, dos inúmeros interrogatórios de autoridades locais e da multidão que passou a visitar a casa familiar na esperança de uma graça.

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Foi em Aljustrel, no quintal da casa dela, ao lado do poço d’água, que Lúcia e os primos viram uma vez o Anjo sem asas. O Anjo apareceu também não muito longe dali, em Valinhos – pode-se ir a pé -, num local chamado Loca do Cabeço, onde ensinou uma oração aos pastorinhos. Também em Valinhos, a Senhora do Rosário, excepcionalmente, apareceu em agosto, inclusive fora do dia de costume, o 13° de cada mês. As três crianças não tinham podido comparecer ao encontro com a virgem, dia, hora e local marcados, porque foram vítimas de uma espécie de rapto e interrogatório, engendrados pelo administrador do Conselho local. As outras aparições da santa foram na Cova da Iria, em Fátima.


Vale dizer, a visita a Valinhos é uma boa surpresa. Cheio de oliveiras, é calma e fresca. O lugar das aparições do Anjo e da Senhora estão marcados e levas de penitentes vêm fazer a via-sacra. No lugar, O POVO cruzou com um grupo de coreanos em preces, pesada cruz de madeira nos ombros do penitente à frente. Em coreano, um rosário inteiro em alta compenetração. Os estrangeiros, aliás, são maioria no lugar. Por isso, há um trenzinho que faz os dois quilômetros do Santuário-Aljustrel-Valinhos, um vai-e-vem que ajuda, e muito, os turistas que não vieram nos inúmeros ônibus fretados. (Ariadne Araújo, de Portugal, especial para O POVO)

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