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Quatro dias de paz e arte
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Quatro dias de paz e arte

Edição Impressa
Tipo Notícia

APRENDI A GOSTAR DE CINEMA nos antigos cines. Filmes inesquecíveis nas sessões vespertinas do Cine Moderno, no meu Crato dos anos 1970. Antes do início das películas, curtiamos o Canal 100, um cinejornal com imagens de alta qualidade e locução impostada. Do Canal 100 sabíamos com um delay de meses: incríveis Fla-Flus, chegada do homem à lua, a queda de Nixon e um tal festival de rock no interior dos Estados Unidos. Woodstock era um choque de música e atitude. Seus sons, cores e imagens me perseguiram desde então. Fiquei com um gap incurável por não ter vivido a experiência de ouvir Hendrix deitado nos pastos de Bethel. Woodstock virou um
espécie de álbum de fotografia que eu nunca vivi. Talvez por isso, nasceu em mim a ânsia de viver algo parecido. Assim como passar 52 horas dentro de um Itapemirim para assistir Sarah Vaughan no Free Jazz Festival de 1987, em São Paulo.

Para mim a experiência é algo insubstituível.
O Carnaval de Olinda, por exemplo, é único. Nas ladeiras históricas da cidade, nada separa quem desfila pelo Bicho Maluco Beleza de quem assiste. Não existe arquibancada de um lado e passarela do outro. Não existe cordão de isolamento, abadás e pipocas. Quem quiser entrar na brincadeira, entra. Isso me fascinou. Uma
experiência que mistura contemplar com participar, pertencer. Fazer parte. E é isso que vamos vivenciar nessa edição do Festival Vida&Arte. Meditar com Prem Baba, desfilar com o Maracatu Vozes da África, debater com José Eduardo Agualusa e Arnaldo Antunes, ler folhetos de cordel, seguir o Luxo da Aldeia, contemplar Elza
e Milton, dançar com os índios Tapebas e aplaudir os Mestres da Cultura. Tudo ao mesmo tempo: Edisca, Trio Nordestino, Katiana Pena, Cacique Pequena, Odair José, Marcelino Câmara, Liniker, Alfazemas, Zé da Zefa, Iza, Lino Villaventura, Unidos da Cachorra, Diferreira, Ítalo e Reno, Maestro Spok, Felipe Cazaux, João Donato, Lorena Nunes, Alice Caymmi, Kleber Lucas, ufa.
 
Shows, peças, palestras, lançamentos de livros, debates,  performances, oficinas, dinâmicas, contações de estórias... Mais de 500 atrações em quatro dias de paz, arte, respeito, cultura. Uma experiência como a que, em 1969, jovens americanos viveram em Woodstock, uma espécie de Festival Vida&Arte deles.

 

CLIFF VILLAR
JORNALISTA E DIRETOR DE MARKETING DO O POVO
cliff@opovo.com.br

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