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Inovação e proximidade com o público
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Inovação e proximidade com o público

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POR MARTA GLEICH
 
DIRETORA DE REDAÇÃO DE ZERO HORA E DOS JORNAIS DO GRUPO RBS
E DIRETORA DO COMITÊ EDITORIAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS
 
 
Como você consome jornalismo, informação, serviço e entretenimento hoje, em 2018? A resposta a esta pergunta (que contém de Waze a Spotify, de Netflix a Instagram, de um site de um jornal ao WhatsApp, somente para citar seis de milhares de maneiras disponíveis aí no seu celular) dimensiona o tamanho do desafio plantado há alguns duros anos nas empresas de comunicação.
 
 
Antes detentores de todo o tempo do público, agora jornais e outros meios tradicionais se veem diante de uma alucinante fragmentação da atenção e de uma absurda queda de receita publicitária. O que fazer?
 
 
A solução, ainda não totalmente desenhada em lugar algum do mundo, parece passar por dois temas: inovação constante e acompanhamento de perto do público, na sua forma de consumir informações. No segundo assunto, proximidade com os leitores, estão em vantagem os jornais regionais, como O POVO, que projeta, aos 90 anos, o seu centenário. Quem escreve a história do Ceará e de seu público há décadas conhece em detalhes seu comportamento, suas necessidades e mudanças.
 
 
Se, por um lado, os jornais se percebem pressionados pela pulverização da atenção e pela queda nas receitas, por outro, não dá para imaginar um mundo sem eles. Tente pensar em uma sociedade sem nenhum jornal. O que isso representaria para a democracia? Quem, em nome do público, debateria as grandes causas da comunidade de forma independente e plural? Que instituição faria o papel de watchdog, como dizem os americanos, de fiscalizar os governantes?
 
 
Nunca se consumiu tanta informação no mundo. Boa informação, como a que sai de uma grande redação, e má informação. As fake news, ou notícias falsas, causam estragos por todo lado, como se viu nas recentes eleições americanas, e provocam arrepios ante as eleições neste ano no Brasil. Novamente, estão em vantagem os produtores de informações de qualidade, checadas, verdadeiras, um campo que os jornais dominam.
 
 
Ler jornal, cada vez mais, deixou de ser um hábito matinal (aquele calhamaço de papel disputando espaço entre a xícara de café e a borda da mesa), para se tornar uma leitura de muitos momentos durante o dia, a cada vez em que você acessa notícias em seu celular, no computador, no tablet, pelas redes sociais ou, por que não?, na edição impressa. Em qualquer pesquisa de credibilidade, os jornais despontam, se não na primeiríssima posição, em lugar de destaque. Outros estudos mostram que, quando se espalha uma notícia-bomba nas redes sociais, é nos jornais que o público busca a comprovação ou não daquela informação. Jornais certificam o que é verdade e o que não é.
 
 
Como escrevi recentemente em uma carta aos leitores de Zero Hora, a existência de jornais não é apenas uma questão empresarial desta ou daquela marca. É um problema da sociedade como um todo. Jornais independentes aprofundam e sustentam a democracia. Jornais defensores da verdade são, historicamente, os baluartes da liberdade de expressão. Jornais plurais estimulam o debate e garantem espaço a todas as vozes na discussão de temas relevantes. Jornais investigam e denunciam esquemas de corrupção, o crime organizado, violações de direitos humanos. Jornais de qualidade educam, entretêm, estimulam a cultura. Jornais saudáveis financeiramente conseguem manter um time de colunistas e jornalistas que faz a diferença. Jornais de qualidade ajudam o leitor a melhorar sua vida, apoiam uma comunidade no seu desenvolvimento, mudam o curso da História. Em suas páginas, uma sociedade se enxerga, trava embates, discute soluções e caminhos. Quanto mais fortes forem os jornais, mais qualidade terá seu conteúdo: mais investigação, melhores colunistas, melhor serviço. Hoje ou daqui a dez anos.
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