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Vida acadêmica exige trabalho duro
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Vida acadêmica exige trabalho duro

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Em meio a prazos para entregas, inscrições em seminários e noites em claro, a vida de um pesquisador envolve, acima de tudo, paixão pelo tema escolhido. Começando durante a graduação, um dos primeiros passos para entrar no ramo da pesquisa acadêmica é encontrar um grupo de pesquisa que se encaixe no objetivo do estudante, e delimitar um corpus relevante para o meio acadêmico e para a sociedade.


Entre graduação, mestrado e doutorado, o percurso para se tornar pesquisador leva, no mínimo, 10 anos para se concretizar completamente. Disponível em todas as grandes áreas de conhecimento, as linhas de pesquisa variam de acordo com cada instituição. A forma de ingresso em mestrados e doutorados também muda, e envolvem provas de conhecimento específico, além de apresentações dos projetos e comprovação de proficiência em mais de um idioma.


Uma das principais dificuldades da carreira é a barreira financeira imposta a quem tem dedicação completa à pesquisa. Quem possui bolsas de estudo das grandes agências de financiamento, como Capes e CNPq, não pode possuir vínculo empregatício. Para quem está na graduação, o valor fixo é de R$ 400. No mestrado e doutorado, o valor é de R$ 1.500 e R$ 2.200, respectivamente. Durante esse período, não há férias ou nenhum outro direito trabalhista garantido para o pesquisador. Os valores são tabelados para todo o País.


Experiência


Com doutorado realizado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e mais de 200 artigos publicados em periódicos internacionais, Antônio Gomes de Souza é pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC). Com experiência de mais de 25 anos como pesquisador, ele conta que a profissão não possui perfil definitivo, mas que se adequa às necessidades próprias e de cada pesquisa.


“O pesquisador tem atividades que são bem comuns para quase a totalidade, mas que não acontecem de forma programada por dificuldades encontradas, sejam nos experimentos, na análise de dados ou no teste de hipóteses. Ele se movimenta no sentido de trilhar caminhos que nunca foram visitados, logo ele se depara o tempo todo com descobertas não previstas, que reorientam em boa medida o planejamento que tinha sido feito anteriormente. De fato, em geral, as descobertas mais relevantes acontecem por acaso. A ciência está cheia dessas situações. Um aspecto comum aos pesquisadores é que trabalham de forma muito árdua”, avalia.


Sobre o atual período da pesquisa acadêmica no Brasil, Antônio explica que a crise afetou de forma intensa a área da ciência, especialmente nos laboratórios que dependem de financiamento público para funcionar. “Vários setores da ciência, principalmente aqueles que demandam muitos reagentes, estão na UTI. São laboratórios parados esperando recursos para compra de um determinado insumo ou até mesmo uma manutenção nos equipamentos. As bolsas de formação foram as que menos sofreram cortes, mas a quantidade de bolsas pós-formação (em geral chamada de pós-doc) tanto no País quanto no exterior, estão muito aquém do contingente de pesquisadores que formamos nos últimos anos. No caso do Ceará em particular, não foram concedidas bolsas de iniciação científica pelo governo estadual”.

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