A Capital cearense figura com o maior crescimento de ofertas de voos domésticos internacionais entre as cidades brasileiras, totalizando alta de 68%, na comparação de janeiro a julho de 2018 com igual período deste ano. O dado do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) projeta a consolidação do hub aéreo Air France-KLM/Gol, no Aeroporto de Fortaleza, iniciado em maio de 2018. Mas também anuncia que novos desafios estão postos.
Para o levantamento, foram considerados os voos diretos, com números disponibilizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Um ano após o início do centro de conexões, o Ceará registrou crescimento de 103,88% no número de passageiros internacionais. Um total de 473.158 turistas estrangeiros passou por aqui entre maio de 2018 e março de 2019.
O secretário do Turismo do Ceará, Arialdo Pinho, explica que agora a meta é aumentar a esteira de atrações turísticas. "Vamos consolidar o que está sendo feito e tentar ampliar com voos para a Ásia, buscar parceiros para hotelaria e investidores externos para continuarmos crescendo", afirma. O plano ajudará, também, a atender a demanda de visitantes via stopover - programa que permite ao passageiro a permanência de dias no local de conexão antes de chegar ao destino final, sem pagar a mais por isso.
No cenário nacional, Brasília (35%), Curitiba (15%), Campinas (14%) e Salvador (2%) também ampliaram. Porém, as demais cidades que recebem voos internacionais diretos apresentaram queda na oferta. O especialista em transporte aéreo, Adalberto Febeliano, acredita que o hub é o ponto-chave para o cenário positivo no Estado.
"Na medida em que esses voos vão sendo efetivamente ocupados pelo público, vai se confirmando para a empresa que foi uma boa estratégia e isso vai reforçando", explana. Febeliano acrescenta que as companhias também precisam ter tarifas atraentes para o consumidor e competitivas no mercado. "Mas, de maneira geral, o que eu vejo é que Fortaleza está em um caminho virtuoso. Na medida em que você está aumentando a oferta de voos domésticos e internacionais, você tem empresas comprometidas com o desenvolvimento desse hub", complementa.
Além da plataforma, fatores como localização geográfica, câmbio favorável para o turista estrangeiro e infraestrutura puxaram o incremento. James Rojas Waterhouse, professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo - Campus de São Carlos (EESC-USP), aponta que a proximidade com a África, Europa e Estados Unidos coloca a Capital no radar do turismo internacional.
"O que sempre faltou em Fortaleza foi uma boa infraestrutura de hub para isso. O que agora começa a ser atendido.... E não só isso, também tem a consolidação do hub de Brasília com uma oferta de voos para Fortaleza", enumera. O especialista destaca que ainda há muito a ser explorado até que a capacidade aeroportuária seja exaurida. Mas, após essa etapa, haverá necessidade de um novo terminal para capturar esse movimento.
"A única preocupação que tenho com Fortaleza, que vai de fato limitar o hub, é a infraestrutura do aeroporto, que a pista não é muito comprida e, de uma certa forma, está perto de uma zona muito povoada", pondera. Nesse contexto, exemplifica, não há possibilidade de evolução como nos terminais de Guarulhos (São Paulo) e Viracopos (Campinas). "Então, eu diria que Fortaleza é o hub certo com uma infraestrutura limitada pelo desenvolvimento urbano da cidade", diz.
O economista Raimundo Padilha afirma que a tendência é de crescimento, mas diz que é necessário diversificar o turismo local e investir em empreendimento, como o Acquario Ceará - que ainda não saiu do papel. "Deveríamos trabalhar em cima de pontos de atração", analisa.