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O que vai mudar no Ceará com a venda da refinaria
Economia

O que vai mudar no Ceará com a venda da refinaria

| Lubnor da Petrobas |A análise é que haja atração de empresas da cadeia do petróleo. Por outro lado, esperam-se demissões da estatal no Estado
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Há 56 anos instalada no Porto do Mucuripe, em Fortaleza, a Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor) passará para as mãos da iniciativa privada. Ela está entre as oito refinarias previstas no plano de desinvestimentos da Petrobras, a serem concedidas em duas etapas. O questionamento que se levanta é como a medida chega ao Ceará. A análise é que a venda traria fôlego à produção e eficiência de lubrificantes e asfalto, produtos que advêm da Lubnor, com a entrada de outra empresa. No outra ponta, há a possibilidade de eliminar 8 mil postos de trabalho da Petrobras no Estado, mas contratação quando da instalação de novos investidores que se aproveitem da cadeia do petróleo.

A meta da estatal é focar na exploração e produção do petróleo. Dentre eles, o pré-sal. Por esta razão, a Lubnor sai do portfólio. Bruno Iughetti, consultor nas áreas de Petróleo e Gás, acredita que a venda dos ativos trará efeitos positivos sob o prisma do mercado. "Nós não estamos perdendo nada, apenas passando o controle acionário para outra empresa", considera.

"O que se espera é que haja interesse de investidores com a finalidade de realmente buscarem um aumento de produção e dar sequência ao processo de modernização que já vem sendo feito", analisa. Outro ponto é a possibilidade de ampliar o leque de negócios ligados ao segmento. Por exemplo, a indústria química, aproveitando os insumos produzidos pelo refino.

Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo (CE/PI), José Jorge de Oliveira, estima que 8 mil empregos diretos e indiretos devem ser afetados. Segundo ele, há o risco de fechamento da refinaria. Algo que pressionaria o fim das nove plataformas existentes no Ceará. "Ela vai parar de produzir. Na verdade, o que se está vendendo é o mercado de combustível - que é o mais importante. A empresa estrangeira compra e simplesmente fecha e traz de fora o combustível".

O economista e vice-presidente do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Luís Eduardo Barros, pondera que a transação é mais viável economicamente para empresas locais. "Refinaria, no mundo, está sobrando. Não é provável que grandes players venham comprar aqui, muito menos a Lubnor, que é uma atividade pequena. Pode ser lucrativa, mas é um negócio pequeno para estrangeiros", diz, destacando que algum investidor nacional do ramo pode mirar no empreendimento para expansão. Ele reitera que isso aumenta a escala na produção e pode gerar mais empregos.

O mestre em Economia e professor universitário, Ricardo Coimbra, reflete que as demissões podem ocorrer na fase de reestruturação. Mas acrescenta que o aporte de novos investimentos vão gerar novos empregos na segunda fase do processo. Além disto, aumento na arrecadação de tributos.

"O Ceará tentou uma ampliação da planta na própria Lubnor e a criação de uma refinaria. A partir do momento que gera a perspectiva de novos investimentos, pode ser, quem sabe, conseguir implantar a tão sonhada refinaria", diz, sobre projeto que está no papel há mais de seis décadas.

Procurada para comentar os impactos, a Petrobras apenas informou, por meio de nota, que "os teasers da segunda fase, que compreendem as refinarias Regap (Minas Gerais), Reman (Manaus), Six (Paraná), Lubnor e ativos logísticos correspondentes, serão divulgados ainda neste ano".

 

Fases de venda

A Petrobras iniciou na sexta-feira passada, 24, a primeira fase de venda de quatro das oito refinarias que pretende se desfazer. O objetivo é reduzir à metade a capacidade de refino da empresa.

Na primeira fase estão as refinarias Rnest, em Pernambuco; Rlam, na Bahia; Repar, no Paraná; e Refap, no Rio Grande do Sul, bem como seus ativos logísticos.

A segunda fase terá Regap, Reman, Unidade de Industrialização do Xisto e Lubnor.

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