O Governo do Estado reavaliará, em setembro deste ano, o pacote que suspendeu concursos públicos e reajustes salariais de servidores, além de investimentos e gastos em diversas áreas. Anunciado em maio pelo titular da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Estado, Mauro Benevides Filho, a ação quer reduzir a expansão das despesas da administração pública.
De acordo com Mauro, o pacote não representa a suspensão das ações do Estado. "Cortes não, otimização", diz. Ele acrescenta que, em 2018, a folha aumentou 11%, e neste ano, de janeiro a abril, cresceu mais 9% - comparado a igual período do ano passado -, o que fez com que fosse necessária essa tomada de ação. O titular da Seplag lembra que os três poderes do Estado e Ministério Público participam dessa contenção. Ideia é fazer gasto, que saltou 15% em 2018, diminuir em comparação à receita total.
"Estamos fazendo pontos específicos para que alcancemos 9,3% de otimização dos gastos que foram realizados em 2018". Ele diz que, até maio, o Governo já diminuiu 4,2% do total de custeio em comparação ao realizado no ano passado.
O secretário defende que "era óbvia a necessidade de ampliação de investimentos na área de segurança", com reforço nas polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros, também do crescimento no efetivo de agentes penitenciários. Mas uma contenção de gastos se faz necessária no atual momento, reforça o secretário.
 "Folha de pagamento é o maior gasto do Governo. Então, foi preciso nesse curto prazo uma otimização dessas despesas até o fim do ano. Daí a necessidade de analisar os dados do Relatório de Gestão Fiscal, estando compromissados com o governador e os servidores de reexaminar os dados em setembro para ver como as contas do Estado se comportam", revela.
Mauro Filho também afirma que homologações e concursos públicos do Estado devem retornar em setembro. "Ninguém cortou concursos, nós suspendemos temporariamente até setembro para que possamos examinar melhor a situação fiscal. Quando a atividade econômica cai, o potencial de receita também cai. Essa cautela é necessária", observa.
Essa visão do Governo é vista como positiva pelo economista e sócio da Conceito Investimentos, Gilberto Barbosa. Ele avalia que uma posição mais conservadora no atual período de desaquecimento da economia é o mais correto. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional caiu de 3% para 0,93%, enquanto a do PIB cearense foi revisada de 2,5% para 1,34%.
"Existe uma possibilidade de que a economia melhore no próximo ano e, consequentemente, o Estado terá mais receitas tributárias. É natural que, se houver maior disponibilidade maior de recursos, o Governo tenha perspectivas diferentes para os investimentos", afirma o economista.