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Consumidor do Ceará lidera produção de energia própria no NE
Economia

Consumidor do Ceará lidera produção de energia própria no NE

| Geração distribuída | Já são mais de 3,3 mil unidades consumidoras que geram energia. Nos últimos nove meses, o crescimento foi de 128%
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Neste mês, o Brasil conseguiu ultrapassar a marca de 1 gigawatt (GW) de potência instalada em micro e minigeração distribuída de energia elétrica, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). São mais de 115,2 milhões de unidades consumidoras que estão produzindo sua própria energia. O Ceará lidera o ranking no Nordeste com mais de 3,3 mil imóveis e 2,5 mil projetos ligados à rede, com 49,5 mil kilowatts (KW) de potência instalada.

São pouco mais de 22 mil KW a mais do que a capacidade que se tem hoje nas 2,3 mil unidades consumidoras em Pernambuco, a segunda colocada na Região. Porém, no Brasil, os estados que mais aderiram à geração distribuída são Minas Gerais (16,7 mil unidades de geração e 212,3 MW de potência instalada), Rio Grande do Sul (12 mil unidades, 144,4 MW) e São Paulo (14,5 mil unidades, 117,4 MW).

No Nordeste como um todo esta é uma modalidade que tem avançado a passos largos. O Ceará, por exemplo, cresceu, nos últimos nove meses, 128% em número de unidades consumidoras, 107% em relação à quantidade de usinas e 66,6% na capacidade, conforme levantamento feito pelo O POVO com base nos números da Aneel. E se comparado ao cenário que tinha em dezembro de 2017 a diferença é ainda maior. Naquela época, no Estado, se tinha a energia produzida pelas 682 mini usinas que abasteciam 782 imóveis com potência de 21,1 mil KW.

O Piauí foi o estado do Nordeste onde a geração distribuída deu o maior salto no período entre dezembro de 2017 a junho de 2019. Saiu de 47 unidades consumidoras (702,92 KW) para 1.269 (13,7 mil KW).

O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e especialista em Eficiência Energética, Tomaz Cavalcante, explica que a entrada forte da tecnologia chinesa neste mercado tem levado a um barateamento dos equipamentos na ordem de 30%. Mudanças no marco regulatório, a exemplo da resolução 482/2015 da Aneel, que simplificou os trâmites, também contribuíram para melhora da atratividade. Isso sem contar no avanço do mercado como um todo de energias renováveis. "O movimento é sem volta. Em todo o mundo o consumidor de energia elétrica está deixando de ter um perfil mais passivo para ser mais proativo".

A facilitação do acesso ao crédito - hoje vários bancos possibilitam financiar até 100% do projeto com juros diferenciados - também ajudou a tornar o custo-benefício mais favorável ao orçamento do consumidor, explica Lucas de Melo, gerente comercial da Sou Energy, empresa especializada neste tipo de serviço.

Ele diz que, de um ano para cá, a procura mais do que dobrou. "A gente trabalha com energia solar desde 2016. Antes tudo era meio utópico. Hoje é um mercado que está crescendo muito".

O consultor de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis, Jurandir Picanço, destaca que este tipo de negócio impacta na economia do Estado. Primeiro porque gera empregos e oportunidades de investimentos de forma descentralizada. "Na grande geração só empresas grandes participam, já na distribuída pode ser feito em qualquer lugar. É também bom para o sistema, porque como a energia é produzida próximo ao local de consumo, evita a circulação de energia nas redes, reduz perda e necessidade de novos investimentos".

Novos nichos também estão surgindo. A Energia Wise, por exemplo, é um braço de uma empresa de engenharia que surgiu há dois anos diante do crescimento deste mercado. Carlos André Barroso, diretor da empresa, diz que o próximo passo é o desenvolvimento de um aplicativo financeiro e operacional para otimizar o sistema e o acompanhamento do consumo pelo cliente, o que deve impulsionar novos empregos. "Até o fim do ano acredito praticamente dobrar a quantidade de vendedores por causa do aumento da demanda".

Ventos

Os ventos são o segundo recurso mais utilizado no Brasil para a geração de energia, com 15 GW de capacidade instalada. São mais de 7 mil aerogeradores, em 601 parques eólicos, em 12 estados.

 

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