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Ceará tem 2º maior crescimento em número de inadimplentes
Economia

Ceará tem 2º maior crescimento em número de inadimplentes

| Ranking no País | A quantidade de pessoas com contas em atraso subiu 8,76% em abril deste ano ante 2018
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O percentual de pessoas com dívidas em atraso subiu 8,76%, neste ano, no Ceará. Atualmente, são 2,4 milhões de pessoas nesta situação ante 2018, quando havia 2,2 milhões. Somente na Capital, são 1.027 milhão de inadimplentes. Os dados do Estado apontam para o segundo maior crescimento em número de negativados do País, atrás apenas de Roraima (9,09%) - que enfrenta uma crise migratória.

As informações são da Centralização de Serviços dos Bancos (Serasa) e evidenciam que as incertezas macroeconômicas têm impactado nas finanças pessoais do consumidor. Sem considerar o crescimento, no cenário nacional, o Ceará figura com o 8º lugar. Mas, no recorte regional, aparece como o terceiro do Nordeste, após Bahia (3.929.733) e Pernambuco (2.455.192).

Isso significa que 37,40% da população adulta que vive no Estado enfrenta dificuldades para arcar com suas despesas. Essa é uma realidade atinge 63,2 milhões de brasileiros, totalizando 40,4% dos maiores de 18 anos.

Dentre os fatores que podem ter pressionado essa estatística, está a baixa perspectiva de crescimento da economia brasileira. Ocorre que o Produto Interno Bruto (PIB) do País sofreu 15 revisões somente nestes primeiros seis meses de 2019. A última projeção foi de redução do crescimento de 1,13% para 1%.

A professora do curso de Finanças e Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), em Sobral, Alessandra Araújo, aponta que os aspectos macroeconômicos têm maior peso. "As pessoas não têm interesse em ficar inadimplentes, mas o quadro do País não vem melhorando. Teve um recuo do PIB no primeiro trimestre e a variável macroeconômica que importa é o desemprego".

Ela destaca a necessidade da expectativa e atividades econômicas aumentarem para melhorar as vendas e reduzir estoques nos comércios. Assim, surgem novas perspectivas de emprego. "A inadimplência é um reflexo da falta de fluxo de renda. O consumidor escolhe as contas que são prioridades para sobrevivência".

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Raul Santos, diz que os anos de estiagem e o baixo nível de educação financeira são questões regionais que colocam o Ceará neste patamar de inadimplência. "Um outro problema muito grave é a questão da seca. A economia do estado gira muito em cima da água. Se tem água, tem mais negócios. Se não tem piora", ilustra.

Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, acrescenta que, nesse primeiro quadrimestre, teve também o aumento do desemprego devido ao fim do contrato das vagas temporárias criadas no fim do ano. Além disto, a inflação pesou no orçamento do consumidor, com a alta de alimentos essenciais da cesta básica, como o feijão que subiu em razão da queda da safra.

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