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Por que é tão difícil encontrar notas de menor valor nos caixas eletrônicos no Ceará
Economia

Por que é tão difícil encontrar notas de menor valor nos caixas eletrônicos no Ceará

Enquanto clientes reclamam do serviço, bancos justificam dizendo que realizam estudos para a distribuição
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Setor financeiro conseguiu repassar ao custo do crédito o rápido aumento da taxa Selic, o que aumentou as margens dos empréstimos (Foto: Evilázio Bezerra)
Foto: Evilázio Bezerra Setor financeiro conseguiu repassar ao custo do crédito o rápido aumento da taxa Selic, o que aumentou as margens dos empréstimos

Usuários de caixas eletrônicos espalhados pela Ceará têm como reclamação recorrente a dificuldade em encontrar notas de valores menores, como de R$ 10 e R$ 20. Joaquim Batista de Oliveira Neto, 47, é professor universitário e natural do Crato. Ele conta que o problema encontrado na Capital é mais comum aos fins de semana.

Ele acrescenta que o dinheiro ainda é a forma de pagamento prioritária, principalmente no Interior, onde algumas cidades contam com sinais deficitários e as maquinetas de cartão não funcionam. "Viajo todos os fins de semana e, às vezes, no deslocamento, encontro caixa eletrônico em cidades no Interior que não têm dinheiro. Fico retido, pois muitos lugares ainda não aceitam cartão", conta.

O professor universitário diz que na região do Cariri já chegou a faltar dinheiro em caixas eletrônicos dos bancos em períodos de feriadão. Na Capital, ele fala sobre duas experiências. A primeira, sobre ter ido a máquinas na Rodoviária de Fortaleza e nenhuma ter dinheiro na oportunidade. A seguinte é da dificuldade de conseguir troco ao pagar o motorista do aplicativo de transporte com nota de R$ 100, que havia sacado do autoatendimento, que possuía apenas notas de grande valor.

"Tentei pagar o Uber que custou R$ 8 e o motorista não tinha troco. O banco tem que disponibilizar as cédulas, pois é um direito do cliente", afirmou. Além das situações apontadas por Joaquim, clientes ouvidos pelo O POVO colocam a segurança como ponto sensível. Por terem de andar com maior quantia em dinheiro nos bolsos, os usuários temem assaltos.

Sobre o problema de troco, a diretora geral do Procon Fortaleza, Cláudia Santos, diz que é obrigação dos empresários fornecer a quantia correta. "Independentemente da nota, a responsabilidade do troco não é do consumidor. O que ele não pode é ficar sem o troco. A alternativa é o arredondamento do preço em benefício do cliente". A Lei do Troco (nº 16.685/2018) determina que os comércios devam devolver o troco de forma integral aos consumidores.

A reclamação sobre a falta de notas é um problema que os consumidores terão de resolver diretamente com as instituições financeiras. Cláudia explica que, apesar de existirem projetos em andamento, "não existe norma específica que obrigue as instituições financeiras a disponibilizarem notas de pequeno valor em caixas eletrônicos".

Já a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) acrescenta que as financeiras abastecem os autoatendimentos "com a quantidade e tipos de notas mais usadas em cada localidade". Se o consumidor fizer questão de notas menores que as ofertadas, deve ir ao caixa convencional em alguma agência.

Ouvidos pelo O POVO, os bancos afirmam que realizam estudos para entender a demanda de cada agência e a distribuição é feita mediante a necessidade. Não associada à Febraban, a TecBan, administradora do Banco24Horas, afirmou que os seus caixas são abastecidos com notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100.

"Esses valores garantem uma grande variedade de combinações e atendem às principais necessidades da população. Em razão da demanda, os caixas podem ficar momentaneamente com apenas um tipo de numerário até o próximo abastecimento", justifica, por meio de nota.

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O que dizem os bancos

BANCO DO BRASIL

A gestão dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil considera fatores específicos de cada praça, como o histórico de demanda de saques dos clientes, aspectos relacionados à segurança e o horário de funcionamento dos pontos de atendimentos. O objetivo é assegurar a disponibilidade de numerário suficiente para o período de atendimento, mesmo em feriados prolongados. Os terminais devem ser abastecidos com cédulas de R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100, mas há recomendação para que as salas de autoatendimento tenham terminal com R$ 2 e outro com cédulas de R$ 5, quando se substitui as cédulas de R$ 10 nessa composição. Entretanto, alguns imprevistos alteram essa rotina. Também afeta a disponibilidade de numerário as sazonalidades ao longo dos meses. Em períodos de pagamento, por exemplo, o valor sacado por cliente tende a ser maior, demanda que impacta as denominações menores.

CAIXA

A Caixa Econômica Federal informou que não recebeu relatos de falta de notas em suas agências.

BRADESCO

O Bradesco esclareceu que os clientes têm como opções de saque a rede de máquinas de autoatendimento (ATM) nas agências, além de guichês de caixa de agências, ATMs externas e rede ATM compartilhada Banco24Horas (Tecban). Como opção para reclamações, esclarecimento de dúvidas ou sugestões, disponibiliza o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) - Alô Bradesco pelo telefone gratuito 0800 704 8383. Também é possível ligar para Ouvidoria através do 0800 727 9933. Pela internet, a opção é ir até o serviço de atendimento eletrônico. Não houve retorno sobre como é feita a distribuição e quais cédulas são disponibilizadas para os clientes.

SANTANDER

O Santander realiza os abastecimentos dos caixas eletrônicos com base em um prognóstico que considera o perfil de consumo de cada ponto de venda e o período (inclui os fins de semana e feriados, quando houver). O processo, de maneira geral, é padrão nos bancos.

TECBAN (BANCO24HORAS)

"A TecBan, empresa responsável pelo Banco24Horas, esclarece que os caixas eletrônicos são abastecidos com notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100. Esses valores garantem uma grande variedade de combinações e atendem as principais necessidades da população. Em razão da demanda, os caixas podem ficar momentaneamente com apenas um tipo de numerário até o próximo abastecimento".

Denúncias

Segundo levantamento do Procon Fortaleza, os bancos estão entre as instituições que menos resolvem os problemas apontados por clientes. A maioria das reclamações fundamentação, 9.380 do total de 20,5 mil, dizem respeito a cobranças indevidas e abusivas.

 

Distribuição

O POVO apurou junto a agências bancárias que com a pesquisa é verificada a demanda sazonal pelas notas. Em alguns pontos a demanda por cédulas menores é maior e é sanado pela oferta de notas de R$ 20, R$ 10, e até mesmo por R$ 5 e R$ 2. Em outras, a procura chega a ser até mesmo por dólar.

 

FRANCISCO de Assis Alves, 56, motorista
FRANCISCO de Assis Alves, 56, motorista

O cliente

FRANCISCO DE ASSIS ALVES, 56, motorista

Usuário mais frequente do Banco24Horas, Francisco diz que a falta de opção tira a comodidade a que é proposto o serviço. "Notas de R$ 10 não têm, as de R$ 20 muito dificilmente encontro. O comum é sacar notas de R$ 50 e R$ 100. É muito difícil, pois quando faço compras menores é complicado conseguir quem tenha troco.

 

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