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Economia O que mantém a viabilidade desses negócios
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Economia O que mantém a viabilidade desses negócios

|ATENDIMENTO| A alta produtividade dos médicos e de outros profissionais da saúde são um dos segredos do sucesso das clínicas populares
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Tipo Notícia
A PROFESSORA Meyriene Castro e Gustavo 
Mesquita Landim, médico da clínica Santa Clara (Foto: Tatiana Fortes)
Foto: Tatiana Fortes A PROFESSORA Meyriene Castro e Gustavo Mesquita Landim, médico da clínica Santa Clara

Os preços praticados pelas clínicas populares não são exatamente baratos. Principalmente, se considerar que, há dez anos, uma consulta dessas saia por cerca de R$ 30, R$ 50. Hoje, custam, em Fortaleza, entre R$ 70 e R$ 120. Mas está em uma faixa intermediária bem mais em conta do que a média praticada em clínicas particulares, onde uma consulta com um cardiologista, por exemplo, sai por R$ 300, R$ 400.

Mas como eles conseguem fazer isso, considerando que a Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), a chamada inflação médica, que é o principal indicador utilizado pelo mercado de saúde suplementar como referência para estabelecimento de preços, cresceu quase três vezes mais do que a inflação oficial do País em 2018?

"Um dos segredos desta estrutura de negócios é o volume, conseguir fazer um atendimento mais barato e eficiente do ponto de vista econômico. Tem que manter a agenda daquele médico cheia. Diferentemente dos grandes hospitais, em geral, os procedimentos têm um tempo de atendimento pré-determinado, o que não quer dizer de menor qualidade", afirma o sócio da KPMG em Fortaleza, Eliardo Vieira.

Ele acrescenta que o fato dessas clínicas trabalharem com pagamento em dinheiro, à vista — mais recentemente que a modalidade de crédito começou a ser aceita —, o risco de crédito e de falta de liquidez é bem menor. "Além disso, os planos de saúde costumam pagar com 90 dias, há possibilidade de glosa do pagamento (ajuste de uma cobrança apresentada por um serviço prestado. E que não tem nessas clínicas".

O valor pago aos profissionais de saúde pelo serviço prestado também figura entre o que é desembolsado pelos planos de saúde e clínicas particulares.

Mas, embora o preço seja o carro-chefe desse filão, a qualidade do atendimento e a rapidez no agendamento também pesam muito para decisão do usuário, observa a gestora da Clínica Santa Clara, Glauciane Souza. "A demanda cresceu e a exigência também. A gente tem que equilibrar isso, eles querem tudo direitinho, suporte, estrutura", aponta.

Ela lembra que a clínica foi uma das primeiras neste formato a funcionar na rua Dr. João Moreira em 2005, no Centro da Capital, e surgiu de uma lacuna que desde aquela época era latente: que é a dificuldade de acesso ao serviço público de saúde. "A Santa Clara começou com 30 médicos, que já atendiam a preço popular dentro da Santa Casa. Eles tinham uma demanda muito boa, mas, quando o hospital fechou o sistema, eles ficaram sem espaço para atender as pessoas. Por isso surgiu a ideia de criar a clínica. De lá para cá, muitas vieram depois, mas a demanda também aumentou".

Atualmente com quatro unidades, todas no Centro, o foco é seguir ampliando o leque de serviços. "Hoje é mais fácil dizer as especialidades que a gente não tem, temos todas menos psiquiatria e infectologia. Também oferecemos vários tipos de exames. E ainda neste ano vamos passar a ofertar Raio-X. O nosso foco é consolidar ainda mais nossa atuação".

O economista Alessandro Gomes alerta que, com tanta oferta, o usuário precisa estar atento. "É importante checar se a clínica e médico estão registrados, pesquisar reclamações em relação a empresa. Hoje, na internet, há várias formas e fazer essa busca", destaca.

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