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Alternativas para além dos bancos comerciais
Economia

Alternativas para além dos bancos comerciais

Nas comunidades. Periferia
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Tipo Notícia

Quando se fala em conseguir um empréstimo, a primeira imagem que vem à cabeça é um banco. Certo? Mas nem sempre. Quando se trata de microcrédito, vários outros agentes de crédito são autorizados a fazer este tipo de operação no Brasil.

Podem operar no Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, que usa como fontes de recursos o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Orçamento Geral da União, por exemplo, os bancos comerciais, os públicos, de desenvolvimento, os múltiplos com carteira comercial; cooperativas centrais de crédito; cooperativas singulares de crédito; agências de fomento; sociedade de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte; e organizações da sociedade civil de interesse público.

O Banco Palmas, instituição comunitária do Conjunto Palmeiras, na periferia de Fortaleza, e que hoje é referência para 113 bancos deste tipo em desenvolvimento no Brasil, já rodou mais de R$ 27 milhões em microcrédito desde a sua criação, há 20 anos. No ano passado, foi R$ 1,5 milhão.

"A gente olha para aqueles que os bancos não querem olhar: os mais pobres. Muitas vezes é o informal, aquele ambulante que sequer tem dinheiro para comprar o bombom para vender na rua", explica o idealizador do banco, Joaquim de Melo, ressaltando que a concessão do crédito está muito ligada à avaliação da viabilidade do negócio.

Ele explica que por atuar dentro da lógica de economia solidária, com moeda própria, o E-Dinheiro Palmas, que circula no comércio do próprio bairro (embora também possa ser convertido em reais), o impacto na microeconomia local é muito maior.

"Isso ajuda a alavancar vários negócios. A gente tem uma visão de que o microcrédito sozinho não resolve. É preciso capacitar, incentivar para que aquela renda circule em uma rede local de produtores, consumidores, que participem da comunidade, dos seus problemas sociais, numa rede de comercialização local. O efeito multiplicador é muito maior porque retroalimenta a economia do bairro", acrescenta.

O Banco Paju, no distrito de Pajuçara, em Maracanaú, criado em 2006, já beneficiou mais de mil pessoas com microcrédito, nas mais diversas atividades, como comércio, serviços, moradia etc. O coordenador geral do banco, Francisco Eudásio da Silva, explica que a mudança quando o crédito é bem aplicado é notória. "Podemos destacar pelo menos três: econômico, social e autoestima dos envolvidos".

A Prefeitura de Fortaleza também lançou ano passado seu próprio programa de microcrédito, o Mulher Empreendedora. Ao todo, 76 mulheres foram atendidas por meio de capacitações, acompanhamento técnico e financiamento subsidiado de até R$ 15 mil para a aquisição de máquinas, insumos e equipamentos, em bairros cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-b) é considerado baixo. Um novo edital deve ser lançado ainda neste semestre. A meta é selecionar 121 projetos.

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