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Extinção não traz economia e eficiência significativa à União
Economia

Extinção não traz economia e eficiência significativa à União

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Além de não resultar em uma economia significativa para os cofres da União, especialistas entendem que extinguir ou incorporar os bancos regionais a outras instituições seria extremamente prejudicial à competitividade das regiões mais pobres. Criado há 67 anos para atender o chamado Polígono da Seca, o Banco do Nordeste, que é operador exclusivo do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), tem juros até 40% mais baratos que as demais taxas de financiamento do mercado.

O economista e um dos autores do projeto que criou os fundos constitucionais, Firmo de Castro, prefere debitar a declaração do secretário de Desestatização e Desinvestimentos (Salim Mattar) a uma fala apressada de quem é responsável por privatização e desconhece as peculiaridades das regiões menos desenvolvidas. Mas, ressalta que qualquer ajuste que precise ser feito não seria através da extinção ou incorporação que resolveria.

"Tanto o Banco do Brasil como o BNDES têm um foco de atuação nitidamente nacional e as demandas para reduzir a desigualdade perderiam espaço neste contexto. Basta ver o que aconteceu com o Fundo Constitucional do Centro-Oeste que nem de longe tem a importância que o FNE tem para o Nordeste", afirma.

Procurado, o Ministério da Economia não respondeu aos questionamentos do O POVO em relação ao futuro dos bancos regionais. A direção do BNB também não se manifestou sobre o assunto, mas reforçou que o banco é hoje a maior instituição financeira de desenvolvimento regional da América Latina e tem papel preponderante nas ações de redução de desigualdades do Nordeste em relação a outras regiões do Brasil e entre os próprios estados nordestinos.

O coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB e diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, Tomaz de Aquino, reforça que esta não é a primeira ameaça ao banco, porém, a demora em relação à nomeação da nova diretoria do BNB não é bom sinal. "O silêncio é o que nos deixa apreensivos. Nunca tivemos um hiato tão grande entre a nomeação dos presidentes da Caixa e do Banco do Brasil em relação aos bancos regionais".

Para o economista Sérgio Melo, ainda que exista a intenção, o Brasil tem hoje privatizações mais relevantes e com efeitos imediatos para este primeiro momento, como Correios ou Eletrobras. "Acredito que a equipe pode até pensar na extinção, mas não vejo como provável ou com resultados significativos".

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