As declarações do secretário de Desestatização e Desinvestimentos do Governo Federal, Salim Mattar, de que apenas Petrobras, Caixa e Banco do Brasil (BB) permaneceriam estatais, ontem, repercutiram mal sobre os planos para o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que tem sede em Fortaleza.
Secretário ligado ao Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes, Mattar disse que "na cabeça do presidente" Bolsonaro e de seus principais assessores, a ideia é "fechar muitas estatais", ou seja, privatizar. "Deverão permanecer Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica. Só".
Economista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) especialista em desenvolvimento regional, Tânia Bacelar acredita que as declarações chocam com ações do Governo no sentido contrário, como a criação do Ministério de Desenvolvimento Regional, que deve atuar junto de bancos de desenvolvimento como o BNB.
"Acho que ele não mergulhou ainda na análise e considero uma declaração de quem não está ainda aprofundando a discussão. Acho que o Governo ainda está se instalando, há muitas informações truncadas e vem de um processo em que não se discutiram muitos detalhes das propostas", avalia.
 Mattar falou durante a Latin America Investiment Conference, realizada em São Paulo, com a presença de diversos empresários e investidores. "O Estado não tem que concorrer com a iniciativa privada", disse.
Ele também criticou o que chama de "estatismo brasileiro". Ainda segundo o secretário, o processo de privatização de subsidiárias de Petrobras, Banco do Brasil e Caixa, "são mais fáceis de serem privatizadas".
O POVO apurou junto ao BNB que não houve qualquer informação vinda do Governo no sentido de privatização à Diretoria do banco.
O que é mais clara é a intenção de Paulo Guedes de arrecadar 20 bilhões de dólares com privatizações ainda em 2019. Até 2022, a meta é alcançar entre 700 milhões a 800 milhões de dólares.
Ainda de acordo Tânia, as declarações da equipe econômica do Governo precisam ser mais cautelosas e Mattar "precisa se informar melhor". "A fala do secretário é uma sinalização que o desenvolvimento regional não é uma prioridade", avaliou.