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O frango nosso de cada dia
Economia

O frango nosso de cada dia

| CEARÁ | O fechamento da matriz da Casa do Frango surpreendeu os clientes. Restaurante era casa de comida japonesa, mas ainda vendia frango - uma pedida bem cearense e com produção em alta
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Galeto, abatido na hora, congelado, como petisco ou em forma de subprodutos, como o ovo. Historicamente a ave tem lugar garantido na mesa do cearense. Hoje, quase 90% do que é produzido de frango no Estado, e são mais de 800 mil kg de frangos por dia, segundo dados da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), é para consumo interno. Não por acaso o produto está na origem de diversos estabelecimentos que caíram na graça do público e depois diversificaram suas atividades. Um caso clássico é a Casa do Frango, que virou padaria e restaurante japonês. Ontem, no entanto, para surpresa do público, a loja da avenida Barão de Studart, na Aldeota, fechou as portas.

 

As atividades da empresa serão concentradas apenas na unidade da Washington Soares, no shopping Reserva Open Mall. O anúncio do fechamento repercutiu muito nas redes sociais e ficou entre os assuntos mais lidos do portal O POVO ao longo do dia. "É lamentável que isso tenha acontecido. 

 

Frequento o estabelecimento desde os anos 1970", contou o aposentado Fred Gaspar.

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Há muito o local não era mesmo mais do frango. Ainda vendia, mas operava uma padaria e uma delicatessen. Os pratos da culinária japonesa se tornaram a principal referência. Um dos assíduos frequentadores era Oliver Ponte. Ele conta que tomou um susto ao se deparar com o aviso de "encerramento das atividades". A placa foi depois substituída por outra sobre a mudança de endereço. "É triste que tenha fechado. Lembro de quando a Casa do Frango foi inaugurada", disse.

 

Procurada, a direção do estabelecimento não se manifestou até o fechamento desta edição. Limitou-se à nota publicada em redes sociais. Afirmou que "mudanças são sempre necessárias e manter o padrão de qualidade de um negócio com 50 anos por vezes exige adaptação" e que por isso o serviço de sushi e restaurante seguirá funcionando na outra unidade.

 

"É claro que o caso específico requer análise de dados da própria empresa, até porque hoje eles atuavam em um negócio muito diversificado, mas o segmento de alimentação fora do domicílio tem sido um dos que mais sofreu em função da restrição da renda das famílias na crise", explica o economista Alex Araújo.

 

Indiferente ao fechamento da Casa, o frango vai bem. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para crescimento na produção avícola no Ceará. Em 2015, o Ceará tinha um rebanho de 9,4 milhões de cabeças. Já no ano passado, voou para 10,8 milhões. Alta de 14,11% no período, acima da média de crescimento brasileira que foi de 9,3%. Alex Araújo observa que o consumo do frango cresce quando há alta do preço da carne bovina nos supermercados.

 

O presidente da Aceav, João Jorge Reis, explica que um dos diferenciais do consumo no Nordeste é a preferência por frangos abatidos na hora. Para este ano, o volume de vendas deve permanecer estável. O mercado de ovos, porém, deve crescer 10%. "O ovo passou de vilão à estrela do consumo saudável", comemora. (Colaborou Israel Gomes, Especial para O POVO)

 

Custo Logístico

 

Apesar da demanda, a distância logística dos grandes produtores de grãos do Centro Oeste - que representa 70% do custo de produção -, no entanto, é um desafio para que as empresas mantenham a competitividade. "Em termos de tecnologia, nossas empresas têm o que é de mais avançado. Mas este custo logístico é o que nos impede de ter um crescimento mais expressivo", afirma João Reis

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