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Movimentos do dólar no pós-eleição dependerão de reformas
Economia

Movimentos do dólar no pós-eleição dependerão de reformas

| Câmbio | Os desenhos do plano econômico do próximo governo, encabeçado pelo futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, tem impactado as relações comerciais do País
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O mercado teve momento de euforia com a indicação do juiz Sérgio Moro para futuro ministro da Justiça no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Na última quinta-feira, o dólar teve forte recuo e fechou com uma oscilação negativa de 0,76%, cotado a R$ 3,6943. A discussão que se levanta é como os movimentos da gestão que se aproxima influenciam a bolsa brasileira. A articulação para aprovação da Reforma da Previdência ainda neste ano é um ponto que tem gerado expectativas. A medida para evitar a ampliação do déficit de R$ 270 bilhões da aposentadoria, em 2017, projeta novo cenário para a situação fiscal do País e atrai investidores.

 

A possibilidade de uma reforma tributária, concessões e privatizações estarem na pauta do Congresso Nacional em 2019 também provocam entusiasmo. Segundo Ênio Arêa Leão, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), a escalada da taxa cambial no Brasil ao longo do ano ocorreu porque o Índice Bovespa estava precificando o risco desta eleição. "O mercado vive de expectativas e o temor era por um governo contra os investidores. Porém, quando há uma notícia positiva, eles acabam comprando mais reais porque acreditam que vale a pena investir no País", explica. Ênio pondera que os fatores externos também pesaram para a oscilação. Em setembro último, a moeda norte-americana registrou o maior patamar desde a criação do Plano Real, em 1994, vendido a R$ 4,19.

 

Thomaz Bianchi, especialista em finanças e assessor da Conceitos Investimentos, reitera que o aceno de Bolsonaro à agenda liberal traz otimismo, embora não seja o fator preponderante. "A gente está de olho muito mais no movimento externo do que interno. De fato, o mercado vive uma lua de mel com Bolsonaro, mas ainda há dúvidas sobre a possibilidade de as medidas serem implantadas", diz. Bianchi explica que ainda é cedo para confirmar a queda da moeda diante das políticas econômicas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que forçam a valorização do câmbio no Brasil e em todos os países emergentes.

 

"Há um exagero de assimetria para cima. O dólar está em um patamar no qual tem possibilidade de subir. A queda não começou com Bolsonaro especificamente. A sinalização do Banco Central de subir a taxa de juros internos também gerou uma expectativa muito grande", afirma. O especialista diz que a estimativa para as próximas semanas até 2019 é que o dólar oscile entre R$ 3, 70 e R$ 4,00. O cenário, no entanto, ainda é incerto e dependerá dos próximos acontecimentos.

 

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