Logo O POVO+
A partir de 2019, lixo vai gerar combustível para ônibus de Fortaleza
Economia

A partir de 2019, lixo vai gerar combustível para ônibus de Fortaleza

Prefeito Roberto Cláudio (PDT) diz que o projeto-piloto começará com uma linha que usará tecnologia sueca
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL

[FOTO1]A Prefeitura da Capital pretende implantar em 2019 um projeto-piloto de ônibus abastecido com combustível produzido pela Gás Natural Renovável Fortaleza (GNR Fortaleza), usina que produz biogás a partir do lixo recolhido na Região Metropolitana (RMF).

A ideia é começar com apenas uma linha experimental para testar a viabilidade do negócio, tempo e capacidade de operação. O projeto está sendo desenhado em parceria com a empresa sueca Scania, a Embaixada da Suécia, Companhia de Gás do Ceará (Cegás) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).

Ontem, a parceria foi anunciada durante a abertura da 7ª edição do evento "Semanas da Inovação Suécia-Brasil", promovido pela Embaixada da Suécia. Ainda não se sabe o valor total do investimento e nem o impacto que a inovação terá sobre o preço das passagem.

"Além da inovação em si, tem um ganho concreto para sustentabilidade. Hoje, no Brasil, as duas principais fontes de emissão de carbono na atmosfera são o transporte público e lixo. Ao fazer do lixo um combustível não poluente para o transporte público atacamos dois problemas de uma só vez", diz o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT).

Conversas com a Cegás, que é quem distribui o biogás produzido pela GNR Fortaleza, começaram há um ano. Mas, recentemente, o projeto ganhou impulso após visita à Suécia, em maio, em circuito promovido pela Embaixada daquele país para conhecer a tecnologia embarcada nas plantas locais. "Também devemos lançar uma versão de carros elétricos compartilhados", acrescenta.

Hoje, 15% do gás natural distribuído pela Cegás já é proveniente do lixo, informou o presidente da companhia, Hugo Figueiredo. "Para este projeto em específico pretendemos montar um ponto de abastecimento".

Ontem, durante o evento, a Scania apresentou ônibus a biometano, com capacidade para circular o dia inteiro com 400 m³ de combustível. O diretor da Scania na América Latina, Gustavo Bonini, explica que os custos vão depender muito do formato do projeto. "A experiência que a gente tem é que este é um investimento que se paga rapidamente".

Para o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, ainda não é possível precisar o reflexo no preço da passagem. Diferentemente do sistema implantado nos países mais desenvolvidos, em que dois terços dos serviços de ônibus são custeados pelo Poder Público, no Brasil, a maior parte é arcada pelos usuários.

O especialista técnico na área automotiva, Carlos Neves, pondera que, em tese, o modelo pode trazer economia ao usuário já que os combustíveis são uma das variáveis que mais pesam na composição dos preços da passagem e os de origem em fontes renováveis tendem a ser mais baratos. "Mas é preciso observar a carga tributária que será imposta".

ENTENDA 

Parceria com a Suécia 

Mais de 90% do sistema de transporte da Suécia é abastecido com gás biometano, proveniente do lixo. Transformação que começou há apenas 20 anos, informou o embaixador da Suécia no Brasil, Per-Arne Hjelmborn.

"Além de oferecer um combustível limpo, no Brasil existe um potencial enorme para produção de energia a partir do logo da água do esgoto", frisou.

Ele diz que para além do compartilhamento de tecnologia, o governo sueco pode ajudar na aproximação com empresas e dispõe hoje de fundos de investimentos para projetos em áreas estratégicas.

Com a parceria, políticas voltadas à juventude e à prevenção de homicídios também deverão ser reforçadas na Capital.

DATAS 

As Semanas de Inovação Suécia-Brasil 2018 ocorrerão de 19 a 30 de novembro com passagens por São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília.

Setores 

Além da área de energia, estão sendo vislumbradas no Brasil parcerias em setores-chave como aeronáutica, cidades sustentáveis, silvicultura, estudos na Suécia e mineração.

 

O que você achou desse conteúdo?