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Estratégias do ensino superior privado para não perder alunos
Economia

Estratégias do ensino superior privado para não perder alunos

| Inadimplência | Descontos, parcelamento, crédito e acompanhamento dos alunos têm sido alternativas para minimizar a falta de pagamento
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Com a redução dos programas de financiamentos públicos, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), as instituições de ensino superior (IES) privado têm de lidar com uma inadimplência em ascensão e lançam mão de estratégias para manter alunos em sala de aula.

 

A falta de pagamento nas empresas deve fechar 2018 batendo os 9,05%. Alta de 1,6% em relação a igual período do ano passado. A projeção é da Semesp, entidade que congrega mantenedoras do Brasil.

[SAIBAMAIS] 

Em 2017, instituições de pequeno porte já tinham registrado as taxas mais altas de inadimplência em mensalidades com mais de 90 dias de atraso (12,7%), ante os 12,6% registrados em 2016. Números bem acima das IES de médio porte (6,5%) e das de grande porte (7,2%).

 

O prolongamento da crise econômica, agravada pelas turbulências eleitorais, e as reduções drásticas na oferta de vagas do Fies - que de 2015 para cá caíram para menos da metade -, compõem o pano de fundo deste cenário, explica o diretor executivo da Semesp, Rodrigo Capelato.

 

O problema, porém, é que a capacidade do ensino privado em ofertar crédito próprio, um dos principais mecanismos adotados neste período, vem se esgotando. "O que a gente mais vê acontecer são as instituições tentando oferecer alternativas de financiamento aos alunos, crédito educativo próprio, pagando uma parte agora e a outra depois de formado, oferecendo descontos, bolsas. Mas, a margem para fazer isso está cada vez menor".

 

Ele diz que a legislação brasileira, que assegura ao aluno a permanência no semestre, mesmo com várias mensalidades em atraso, é um agravante. "Por hierarquia de contas, muita gente acaba postergando o pagamento da instituição de ensino para priorizar outras dívidas".

 

O foco na qualidade do ensino e um acompanhamento mais próximo do aluno para evitar que a dívida se torne uma bola de neve tem sido o caminho trilhado pelo Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7) para conter a evasão escolar, explica o diretor da Uni7, Henrique Soárez. "A gente faz uma gestão muito próxima do aluno, analisando caso a caso, para evitar que as mensalidades se acumulem por muito tempo. E desde o semestre passado a gente inaugurou o nosso próprio programa de financiamento, em que o aluno tem até o dobro do tempo do curso para pagar".

 

Ele diz que o mercado, de modo geral, ainda está se ajustando ao novo cenário de menor financiamento público, mas está otimista em relação a 2019. "Com o novo Governo, acredito que a economia vai voltar a se recuperar com mais força".

 

Com 22,5 mil alunos em 32 cursos de graduação, o vice-reitor de Graduação da Universidade de Fortaleza (Unifor), Henrique Sá, diz que hoje o número de alunos com Fies gira em torno de 32%, mas há alguns anos já foi de 60%, em cursos como Medicina. O contingente de bolsistas chega a 15%.

 

Para dar conta deste novo cenário e da própria realidade financeira do estudante, em que muitos deles ou seus pais estão passando por redução ou perda de renda, a instituição tem apostado no diálogo. "Por conta dessa política de negociação, a nossa inadimplência não chega a 5% por semestre".

 

E embora não tenha crédito estudantil próprio, ele diz que a universidade tem flexibilizado a programação dos cursos, para que os alunos possam ajustar a quantidade de disciplinas à sua disponibilidade financeira. Em outra frente, tem reforçado o convênio com empresas para aumentar a oferta de estágios remunerados. "Em 2019, a Unifor está qualificando os produtos, melhorando o currículo, fazendo convênios e incentivando que os alunos se vinculem a empresas, por meio de estágios mais precocemente. Hoje o programa de estágios já tem mais de 2500 vagas remuneradas".

 

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