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Do Ceará para 1.100 escolas no Brasil
Economia

Do Ceará para 1.100 escolas no Brasil

| ENTREVISTA COM ARI DE SÁ NETO | Com 39 anos, o CEO da Arco Educação foi escolhido o Equilibrista do ano pelo Ibef-CE
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CEO da Arco Educação, empresa avaliada em US$ 1,1 bilhão (R$ 4 bilhões) na Nasdaq (Bolsa de Valores norte-americana), Ari de Sá Neto revela o seu perfil arrojado nesta entrevista. O executivo foi escolhido o Equilibrista 2018, aos 39 anos de idade, premiação que reconhece personalidades nos negócios. É o mais jovem a ser agraciado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-CE). Será amanhã, às 19h30min. Ele se destaca pela oferta de conteúdo, tecnologia e serviços educacionais a escolas privadas.

 

O POVO - Em que contexto foi criada a Arco Educação?

 

Ari de Sá Neto - Nós observamos que o Colégio Ari de Sá era uma referência no país do ponto de vista acadêmico, com resultados realmente destacados no Enem, em Medicina, no ITA, IME, nas olimpíadas nacionais e internacionais. Há pouco mais de 10 anos, começamos a ser procurados por outras escolas que queriam entender como trabalhávamos, quais eram as nossas práticas e as nossas estratégias. A partir de então, tivemos a ideia de desenvolver um produto, que começou somente com o conteúdo, os livros didáticos, para poder compartilhar um pouco dessa nossa experiência com outras escolas. Depois desse conteúdo didático, começamos a agregar uma série de serviços para a plataforma, como treinamento de professores, implementação da metodologia, interpretação de dados de desempenho de alunos por parte das escolas e, por último, veio realmente a tecnologia (a plataforma SAS). É uma plataforma muito completa, que ajuda o professor, o aluno e os pais, construída a partir do interesse de outras escolas, para compartilhar essa experiência do Colégio Ari de Sá. Mas ao longo do tempo, ela se desenvolveu e a gente acabou fazendo a aquisição de outras empresas, entrando em outros mercados, no que vem a se tornar hoje a Arco (Educação). Então, a Arco é uma empresa que investe em soluções educacionais para escolas privadas do Brasil. Se há algo que agregue valor para a escola privada, para o aluno, pai ou professor, estamos lá para ajudar a escola a desenvolver o trabalho de educação e a excelência que ela deseja.  

 

OP - Quais os desafios do mercado?

 

Ari -  É um mercado de gigantes com muitas multinacionais. E ao mesmo tempo em que o Colégio Ari de Sá nos ajuda, por ser uma referência nacional, não posso deixar de negar que, no início, houve preconceito, por ser uma empresa que estava desenvolvendo conteúdo a partir do Ceará. Já existiam empresas brasileiras fortes, mas no Sul-Sudeste, no eixo Rio-São Paulo. Então, existem os dois lados da moeda, o reconhecimento do Ari de Sá e do Ceará como um polo de excelência, pois o estado possui boas escolas, mas o preconceito por ser uma empresa do Ceará fazendo conteúdo e exportando para o Brasil. Acho que a grande dificuldade foi realmente desenvolver o conteúdo a partir daqui e recrutar os primeiros autores, pois não havia uma cultura de produção de conteúdo local. Então, desenvolvemos realmente do zero. Formamos pessoas aqui e trouxemos profissionais de fora com experiência. Era literalmente começar um novo negócio, em um lugar onde não havia esse tipo de experiência. O desafio era ainda maior. O fundamental para termos chegado até aqui foi decisivamente a equipe que conseguimos formar. A Arco é um reflexo direto da qualidade das nossas pessoas. Nosso time é nosso maior ativo. Hoje atendemos mais de 400 mil alunos no Brasil com nossas soluções educacionais, em aproximadamente 1.100 escolas. Temos mais de mil colaboradores, operações em Fortaleza, São Paulo e Curitiba, e diversas marcas que atuam no segmento de educação privada. A ideia é continuar investindo no crescimento por meio de aquisições, tecnologia e qualidade dos produtos. Os recursos captados foram 100% aportados na empresa. O objetivo é continuar esse ciclo de investimento que se iniciou lá atrás. Acreditamos muito no "longo prazo"; educação é algo que só constrói impacto ao longo dos anos, não é algo que se vê resultados no curto prazo, então queremos continuar investindo muito para poder continuar crescendo. 

 

OP - O que o senhor destaca na sua trajetória?

 

Ari - Trabalhei no mercado na área de consultoria na Ernst Young. Acho que o trabalho com consultoria ajuda a ter visões de mercados diferentes, de empresas diferentes, de melhores e piores práticas. Trabalhei em auditoria por dois anos. Voltei no momento em que nasceu o Colégio Ari de Sá (quando houve a separação do Colégio Farias Brito), para ficar junto do meu pai nesse novo projeto, em 2001. Fiquei cinco anos no Colégio Ari de Sá. Foi fundamental, um momento de muito crescimento profissional, de entender como é que se faz escola, de estar junto do professor, do coordenador, olhando para o dia a dia pedagógico. Essa bagagem construída foi realmente fundamental no meu processo de formação como empreendedor, de estar realmente no coração da escola todo dia. Depois desses cinco anos, fui para os Estados Unidos, para Boston, para o MIT, onde fiquei dois anos no Mestrado. Durante esse período, trabalhei na McKinsey & Company, uma empresa de consultoria, e em 2007 voltei para o Brasil para iniciar o projeto SAS, que se transformou na Arco. De 2007 a 2018, foquei exclusivamente na Arco. O presidente do conselho da Arco, que é o meu pai, Oto de Sá Cavalcante, foca 100% da energia dele no Colégio Ari de Sá. Conseguimos realmente crescer e ficamos muito felizes com o resultado. 

 

OP - O que o senhor aprendeu no Ari de Sá com o seu pai, Oto de Sá Cavalcante?

 

Ari - Sou o único filho homem, tenho quatro irmãs. Carrego o nome do meu avô, que é a grande referência de vida para meu pai, apesar de ter falecido prematuramente há mais 51 anos. Desde muito cedo, acompanho a paixão do meu pai pela educação e pelo empreendedorismo e acabei criando essa vontade de trabalhar na área. Meu pai é um grande professor. Tê-lo como pai e mentor é um privilégio determinante na minha história. Sou extremamente grato a ele. Tive esse privilégio de ter um professor, um mentor, um educador, além de um pai. 

 

OP - O senhor é o mais jovem Equilibrista do Ceará. Como vê esse reconhecimento?

 

Ari - É uma honra, uma alegria muito grande receber esse prêmio e reconhecimento por duas razões: em primeiro lugar pela credibilidade do prêmio, que é muito sério, reconhecido pelos formadores de opinião como algo realizado de uma forma profissional, por meio de uma seleção muito criteriosa. A segunda coisa é literalmente pelo histórico de quem já recebeu o prêmio. São pessoas que eu passei a minha vida profissional inteira admirando, me inspirando, muitas das quais eu fui pedir conselhos. No processo de crescimento profissional, ter mentores, conselheiros, é fundamental. Você está sempre aprendendo nesse processo. Então, ser reconhecido com um prêmio em que os agraciados são referências para mim, é um motivo de muita honra, muita alegria.

 

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