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Previdência e abertura comercial são os primeiros desafios de Bolsonaro, diz economista
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Previdência e abertura comercial são os primeiros desafios de Bolsonaro, diz economista

| NOVO GOVERNO | Cenário de inflação controlada e juros baixos podem ajudar o novo gestor a fazer as mudanças necessárias
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A reforma da Previdência e a abertura comercial do Brasil serão os principais desafios na área econômica do novo governo de Jair Bolsonaro (PSL). A avaliação é do economista e presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), Lauro Chaves, que ontem apresentou um panorama da situação macroeconômica brasileira após as eleições em evento para o setor imobiliário.

 

Para ele, embora a inflação controlada e juros baixos forneça ao novo gestor uma situação bem mais favorável do que a encontrada por seus antecessores, se os projetos de reformas Previdenciária não forem encaminhados ao Congresso já no primeiro ano, é possível que o País volte a entrar em recessão.

 

Durante evento do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE), ele destacou que a reforma da Previdência é considerada a mais urgente por ser a variável que tem mais pesado para o déficit público e que tem contra si a pressão do envelhecimento demográfico da população.

 

Do pouco que se sabe da proposta de Bolsonaro para área, é que a equipe dele, capitaneada pelo consultor econômico liberal Paulo Guedes, deve propor a ruptura em dois sistemas. Um novo, com capitalização individual, e o velho. Porém, Chaves alerta que muitas questões ainda faltam ser esclarecidas como, por exemplo, se ainda haverá contribuição das empresas e do Governo; qual o custo da transição; e como a União vai conseguir arcar com o fundo. Também diz que é fundamental que haja mudança nas regras para o funcionalismo e militares. "Se fizer isso tem chance de ganhar credibilidade, mas se não mexer na aposentadoria dos militares e funcionalismo não passa nada".

 

Outro ponto de mudança mais drástica seria a política externa brasileira. Embora a equipe já tenha sinalizado que pretende ampliar as relações comerciais com países do leste asiático, Estados Unidos, Israel, Chile e comunidade européia, o que na avaliação dele é fundamental para reposicionar a economia brasileira, a imagem do Brasil está muito desgastada. "Como vamos conseguir sentar na mesa de negociação internacional será muito determinante e isso não somos nós quem decidimos. Além disso, será fundamental saber como vamos nos posicionar na guerra entre Trump e China".

 

Para a reforma tributária, o economista destaca que é importante sistema simples, automatizado e transparente. E defendeu a preservação de políticas sociais como o Bolsa Família, considerado um programa de transferência de renda bom e barato, e o reajuste do salário mínimo, como mecanismos de estimular o consumo. 

 

No curto prazo, ele diz que não dá para esperar milagre econômico e acha muito difícil que a promessa de Bolsonaro de superávit já a partir de 2022 seja cumprida. Mas reforça que uma grande vantagem que a nova gestão terá é que é possível reanimar a economia sem investimentos públicos, já que há muito investimento privado represado esperando uma melhor definição de cenário para ser retomado.

 

Por mais que no primeiro pronunciamento do presidente eleito se confirmou discurso de austeridade fiscal, de redução do tamanho do Estado e de comprometimento com reformas estruturais, como a da Previdência, o economista Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre/FGV, lembra que existe um descompasso entre a vontade da equipe econômica - liderada pelo economista Paulo Guedes - e o núcleo político que gravita em torno de Bolsonaro.

 

O presidente do Creci-CE, Tibério Benevides, confirma. "A economia, de certa forma, já vem reagindo, acho que o País só espera uma definição, até porque não pode parar".

Com Agência Estado


 
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