Até que saia o resultado do segundo turno e a transição de um novo governo esteja concluída, ainda haverá muitas turbulências no mercado financeiro. O alerta é de especialistas financeiros ouvidos pelo O POVO que orientam cautela e planejamento na hora de fazer investimentos.
Um exemplo claro foi o que ocorreu na última semana. Um dia após o resultado da votação do primeiro turno, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, teve valorização de quase 5% e o dólar e os juros futuros terminaram em baixa.
A euforia veio em função da larga vantagem obtida por Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT). Boa parte dos analistas do mercado entendem que o primeiro tem mais condições de fazer o ajuste fiscal e conduzir as reformas necessárias para trazer a economia de volta ao eixo, além de uma agenda econômica mais liberal. Porém, bastou uma declaração do candidato de que não deve privatizar o "miolo" da Petrobras para que a bolsa fechasse em forte queda no último dia 10.
O resultado das pesquisas também devem trazer muitas oscilações ao mercado financeiro nos próximos dias. O economista Vitor Leitão diz que até pelo viés antagônico dos dois candidatos, o caminho ao investidor é se posicionar da melhor forma possível diante do cenário.
"O ideal é que tenha mais cautela neste momento, procure aplicações de prazo mais curto, pós-fixada, onde a volatilidade é menor, algumas aplicações atreladas ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), por exemplo, são boas opções já que a volatilidade é muito pequena e a chance de rentabilidade negativa é quase inexistente".
Para quem tem perfil mais arrojado, ele diz que também pode ser bom momento para compra de ações, considerando a probabilidade maior de o Bolsonaro ganhar e o mercado reagir mais positivamente e imediata. Já na renda fixa, o Tesouro Direto continua sendo uma boa opção, pela rentabilidade e liquidez diária. "E para quem tem um pouco mais de prazo, consegue uma rentabilidade ainda melhor com CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Quanto maior o prazo, melhor o retorno e também vai depender da aplicação inicial".
A diversificação de papéis também é alternativas. Em períodos de turbulências, os economistas recomendam ter uma parte do patrimônio - de 20% a 45%, dependendo do perfil do investidor para investir em caso de oportunidades. "O importante é focar no potencial de valorização e que aquele papel seja negociado por menos que vale porque é aí que o investidor vai ganhar dinheiro", afirma o consultor financeiro, Samuel Magalhães.
Ele orienta separar uma parte da renda, de 10% que seja, para fazer mensais ou trimestrais.E reforça que, quando se fala de investimento o ideal é ter um horizonte de longo prazo, de cinco, dez ou quinze anos. "Por mais que as eleições impactem, é preciso olhar mais para frente na hora de tomar decisões e na sua estratégia, escolher investir em ações de empresas que você acredite que tenha potencial de crescer e seja interessante ao seu perfil".