Embora a crise econômica tenha sido a faísca que levou o Brasil a uma das eleições mais polarizadas da história brasileira, as propostas econômicas têm passado ao largo das campanhas dos candidatos à Presidência da República neste segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

O ataque ao adversário - e o risco que o outro representa para o futuro do País - tem predominado no horário eleitoral gratuito e nas declarações públicas. Por mais que se saiba, em tese, a ideologia econômica que cada um abraça (liberalismo econômico do lado de Bolsonaro e uma maior presença do Estado por Haddad), pouco se falou como as propostas serão executadas.

Para a mestre em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Carolina Matos, isso é um risco ao eleitor. Ela diz que existe um senso comum de que a causa do déficit público é a corrupção, mas pode ofuscar outros temas importantes, como o pagamento da dívida pública, a necessidade de o Governo perseguir o superávit primário, e as reformas que estão em trâmite.

O professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Marcos Antônio de Andrade, atribui a ausência de debate econômico, em parte, ao atentado sofrido por Bolsonaro. Além disso, ele que, inicialmente, relegou o assunto ao seu assessor econômico Paulo Guedes, mais recentemente desautorizou seus conselheiros a aprofundar as propostas.

O mestre em economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Ricardo Coimbra, pondera que por mais que o corte de gastos no Executivo tenha sido uma solução apontada pelos dois candidatos, nenhum deles diz o que pretende fazer para repactuar os gastos do Legislativo e Judiciário. E nem como vão fazer as reformas ou garantir o nível de investimento público.

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