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Educação financeira também é papo de criança
Economia

Educação financeira também é papo de criança

| BASE CURRICULAR | No próximo ano, educação financeira para o ensino fundamental será obrigatória no Brasil
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A partir de 2019, as escolas públicas e privadas do País deverão incluir a educação financeira na grade curricular do ensino fundamental. A temática integra a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em dezembro de 2017, como uma das áreas de conhecimento obrigatórias. O objetivo é ensinar desde a infância, os brasileiros a desenvolverem uma nova relação com o consumo e o dinheiro.

[SAIBAMAIS] 

"É uma vitória. Tem comportamento que a gente não muda do dia para noite, mas quão mais cedo começarmos a ensinar, maior a possibilidade deles se tornarem adultos mais empreendedores, que planejam suas vidas, não atrasam parcelas", afirma Cláudia Forte, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF), organização social criada para executar a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) no Brasil.

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Ela explica que o conteúdo entrou como norte do currículo junto com outros 11 temas, como empreendedorismo e sustentabilidade. Caberá aos estados e municípios, no entanto, decidir como estes assuntos entrarão na grade. A orientação é de que isso seja trabalhado de forma transversal entre as disciplinas.

Em Fortaleza, alguns colégios já se anteciparam. Na escola particular Uma Janela para o Mundo, no bairro João XXIII, desde o ano passado é ensinado educação financeira a partir da Educação Infantil. "A gente vai trabalhando de forma lúdica, de acordo com a faixa etária, noções de finanças, economia, para que desde pequena já vá assimilando o consumo consciente", explica a diretora Vânia Nogueira.

Na sala do Infantil III, por exemplo, a Alice Militão, 3 anos, está aprendendo a poupar para realizar sonhos em meio às aventuras do Nico, boneco de pano manipulado pela professora. Também brincando de colocar moedas fictícias em um cofrinho de papel, ela vai se familiarizando com os números. E já faz seus próprios planos. "Se não ficar gastar muito, dá para comprar uma Baby Alive".

Algumas salas adiante é a vez da Ana Esther Fernandes, 9 anos, do 4º ano, aprender no mini mercado montado na brinquedoteca operações matemáticas mais complexas, olhar data de validade dos produtos e pesquisar preços. Lições que vão sendo levadas para casa. "No supermercado com minha mãe, eu pesquiso e anoto na lista a quantidade de cada item e o preço. Também tenho meu próprio cofre".

Saulo Pessoa, 10 anos, também tem na ponta da língua a receita para fazer o dinheiro render mais."A gente pode ajudar não gastando tanta luz, não demorando no banho e nem comprando coisas desnecessárias".

A diretora pedagógica da DSOP Educação Financeira, Ana Rosa Vilches, destaca que o envolvimento da família é fundamental. "A criança olha a atitude dos pais. Se meu pai e minha mãe são consumistas, se tudo que eu quero, tenho, como irei crescer? Sem entender o real valor do dinheiro".

Por outro lado, ressalta que a experiência mostra que projetos bem sucedidos são capazes de tornar as crianças agentes multiplicadores na família. O que se reverte em ganhos para as escolas. "Na maioria dos casos, os pais passam a se organizar melhor financeiramente e a inadimplência cai".

Sobre a série

O POVO finaliza hoje uma série de reportagens iniciada na última quinta-feira, 13, sobre a importância de se aprender o caminho do dinheiro. Ter uma cultura de educação financeira e fiscal é importante em todos os níveis, seja no Governo, no dia a dia ou na escola.

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