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Arialdo Pinho e o que vem depois do hub
Economia

Arialdo Pinho e o que vem depois do hub

| INVESTIMENTO| Secretário do Turismo do Ceará diz que Governo estuda projeto para destinar áreas dos litorais Leste e Oeste à hotelaria e impulsionar a economia do Estado
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O ano de 2018 ainda promete muito para o turismo do Ceará, área que vem ganhando mais força. Depois das recentes conquistas na área da aviação, a aposta do Governo agora é em projeto que “abraça” quem deseja investir no Estado, sem abrir mão do meio ambiente. A ideia é que sejam criadas duas áreas, com extensão de 40 quilômetros cada, uma para empreendimentos de hotelaria e outra para preservação de dunas nos litorais Leste e Oeste. Caso executada, a proposta será somada ao legado de Arialdo Pinho à frente da Secretaria do Turismo. Ex-chefe da Casa Civil no governo Cid Gomes (PDT), mas com DNA na iniciativa privada, contribuiu para o reconhecimento do Beach Park como equipamento turístico no País e no mundo. No setor público, já na gestão de Camilo Santana (PT), Arialdo teve papel fundamental na luta pela concessão do Aeroporto de Fortaleza e pelo hub aéreo da Air France-KLM/Gol. Mas para continuar avançando no turismo, o Governo precisa dar maior segurança jurídica ao investidor, a fim de impulsionar o desenvolvimento do Ceará. Esses e outros assuntos foram destacados pelo secretário em entrevista ao O POVO.


O POVO – Como o senhor vê Fortaleza na disputa para atrair turistas nacionais e internacionais?

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Arialdo Pinho - Fortaleza requer outra visão. É uma cidade que precisa ter grandes eventos, shows culturais, grandes exposições, gerando atratividade. Falam da Praia de Iracema e Beira-Mar também. Mas e aí? Ouço isso desde os tempos da Luizianne (ex-prefeita de Fortaleza) e nada acontece. Só piora. Estamos sem visão de montar novos atrativos turísticos. A Praia do Futuro é um local largado. Chega a ser um contrassenso se comparado com outros locais no País. Ninguém sai na defesa do equipamento.


OP - Nesse contexto, como está a situação do Acquario Ceará?


Arialdo – A determinação era a de o Governo terminar o que começou. Se fosse um projeto do zero, oferecido para um investidor, a parceria já teria dado certo. Mas chegar com algo que está 1/3 acabado e não terminar... É preciso terminar, o Estado colocando para operar e depois ir atrás do investidor. Do jeito que está fica difícil.


OP – O Estado fará parceria público-privada (PPP) para o Acquario?


Arialdo – O investidor precisa de garantia. No projeto, teria uma área imobiliária para pagar a conta. O Estado, se assumisse, o retorno seria quase imediato. O Governo recebe pelas vias indiretas, ganha em todas as fases, por exemplo: quando algum visitante entra no estacionamento, paga imposto. Para o privado, a visão é diferente. Ele terá de buscar retorno no ingresso e outras fontes.

Além da administração do Acquario, o investidor responderia por uma área para construção de 300 mil metros quadrados.


OP - Qual o principal desafio para o turismo cearense, na sua opinião?


Arialdo - É a questão ambiental. As leis são muito restritivas para o investimento em turismo. Isso para grandes empreendimentos, já que o pequeno faz na marra. Para os grandes, temos carência de leis. E ainda tem a parte da insegurança jurídica. Meu sonho é que o Ceará tenha duas áreas para investimentos, uma no Oeste e outra no Leste, e dois parques de dunas para compensar as construções no litoral. Os parques seriam intocáveis. Com essas duas grandes áreas, de parque e de investimentos, seríamos um ponto de desenvolvimento no turismo. Em torno de oito anos, seríamos capazes de buscar entre R$ 10 bilhões a 15 bilhões em investimentos em hotelaria.


OP – Como seriam essas áreas de dunas?


Arialdo – A criação de um mecanismo pelo Governo do Estado, tendo uma lei federal que dê respaldo e força, alterando a existente, que só nos prejudica. Assim, o governador teria a possibilidade de decretar essas áreas de interesse social. Para compensar, um exemplo, faríamos uma área de 40 quilômetros com investimentos, e outros 40 quilômetros só de parques de dunas.


OP – De que forma a insegurança jurídica atrapalha o setor no Estado?


Arialdo – É um problema nacional, não é só do Ceará. A última marina no País foi aprovada há 12 anos. Acontece de o investidor começar a obra, o órgão de controle ambiental embarga e, na Justiça, o empreendedor ganha. Quem não está sendo inteligente? Os órgãos de controle ambiental. Se tivesse negociado desde o início com os investidores, teria sido mais prudente. Os processos demoram, levam de oito a dez anos. Aqui no Ceará, temos o exemplo do Hard Rock Hotel (em construção no município de Paraipaba). A obra começou embargada, ganhou na Justiça e foi retomada. Não tenho coragem de convidar investidores. Sou um homem que está no Governo. Se eu sair e der algum problema no empreendimento, alguém pode me cobrar. Eu não minto para o investidor.


OP – Mesmo com a insegurança jurídica, quantos empreendimentos turísticos estão em fase de construção no Ceará?


Arialdo - Nas áreas atuais, três grandes resorts. Eles ficariam prontos em dois anos, com pelo menos 2.500 quartos e cinco mil leitos. Estamos falando de 10 mil empregos para o Ceará. Mas reforço que não dá para convidar o empreendedor e metade da obra ser embargada.


OP – A alta estação está chegando no Ceará. Já é possível falar em efeitos pós-hub aéreo?


Arialdo – O efeito nacional é para acontecer, porque nós temos uma alta demanda. Aumentamos o patamar de voos nacionais, tanto da Gol (parceira da Air France-KLM no hub) quanto da Latam. Estimamos crescimento em torno de 30% no número de turistas nacionais. Na parte internacional, a estimativa é de alta de 20%, levando em conta Jericoacoara (aeroporto).


OP – E quanto à Latam, os novos voos internacionais da companhia, que começarão a operar no Aeroporto de Fortaleza em julho, não vão configurar um novo hub?


Arialdo - A Latam ainda tem a mesma quantidade voos. São cinco internacionais. A Air France-KLM tem seis. Falando no horizonte, a Latam tem o mesmo potencial. No entanto, ela só faz a linha para os Estados Unidos. Isso não é considerado hub. A previsão inicial, com o centro de conexões (adiado pela empresa), era de 14 voos diários.

Num momento tão instável no País, ninguém quer tomar uma decisão que demanda um investimento tão pesado.


OP – E o que dizer da aviação regional? O Aeroporto de Jericoacoara está se consolidando, e o de Aracati?


Arialdo - Temos uma negociação com uma companhia aérea para fazer Aracati. É iminente. Queremos pelo menos um voo duas vezes na semana. Aracati suporta uma aeronave 737-700, com capacidade para 152 passageiros. No Ceará, existem outros quatro destinos com potencial forte: Sobral, Crateús, Tauá e Iguatu.


OP – O governador Camilo Santana concorre à reeleição neste ano.

O senhor, sendo convidado, permaneceria à frente da Secretaria do Turismo?


Arialdo – Temos de olhar o todo da política. Se é interesse do governador, por exemplo, me manter na Pasta. Eu saí da iniciativa privada e estou no governo desde 2003/2004. Estou à disposição para onde o comando mandar. Fui oito anos de Casa Civil. Hoje estou no Turismo.


OP – Qual o legado que o senhor deixa para a atual gestão estadual?


Arialdo – Primeiro, a visão com o Camilo de pensar e mudar a parte do Aeroporto de Fortaleza, que tinha entraves operacionais. Com a Fraport, estabelecemos outro patamar. Depois foi a busca de novos voos. Tínhamos oito internacionais por semana e agora passamos para 48 (até novembro). E também com os voos diários nacionais, crescemos tanto na Latam quanto com a Gol, algo em torno de 35% e 30%, respectivamente. Outro passo importante foi a conectividade.

Nasceu porque demos um passo antecipado, fazendo propaganda no mundo inteiro. Fizemos destino a destino. Dessa forma, fomos consolidando a marca Ceará no mundo.

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