Mais de 20 dias depois da greve dos caminhoneiros, 70,9% das indústrias cearenses ainda apresentam redução na produção. Os dados fazem parte de estudo da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), que mostra ainda que 41% das empresas estão pagando, em média, frete pelo menos 25% mais caro para levar suas mercadorias aos principais centros consumidores do Centro-Sul do País.
Em alguns destes casos, o aumento de preço chegou a 100% e 150%. A indefinição sobre o tabelamento - cuja legalidade é discutida no Supremo Tribunal Federal (STF) - também tem se refletido nos custos para aquisição de insumos. Pelos menos 42% das empresas identificaram alta acima de 10% nos custos totais.
[SAIBAMAIS]“Além dos dias da greve, em que houve uma repercussão direta de redução da produção e faturamento, que foi expressivo, tem um efeito de médio prazo que está perdurando e afetando a recuperação das empresas, como a questão da indefinição do tabelamento do frete, o que compromete a competitividade”, afirma Antonio Martins, do Núcleo de Economia e Estratégia da Fiec.
O levantamento foi feito pela Fiec junto a 118 indústrias associadas à entidade no período de 14 a 18 de junho. Das empresas ouvidas, 46,4% informaram ter tido, durante a greve, redução da produção acima de 25%. Destas, 11% tiveram interrupção total das atividades. E, na maioria, o faturamento no período caiu 25%.
Mais de 94,6% das indústrias relataram dificuldades para aquisição de insumos. “A maioria dos insumos vem da região Centro-Sul e é para lá que é enviada a maior parte da produção. Ou seja, é um efeito duplicado”, avalia Martins.
A pesquisa não mensurou os setores mais afetados, porém, ele destaca que a indústria alimentícia, pelo próprio caráter perecível de seus produtos, foi a que sofreu maior impacto na greve, já que houve perda de produto. Mas agora isso se dá de forma mais incisiva. A indústria têxtil, por exemplo, está tendo que renegociar contratos para conseguir tanto comprar seus insumos, como escoar sua produção.
OS NÚMEROS
IMPACTO DA GREVE NO CEARÁ
DURANTE
46,4% das empresas apresentaram redução da produção acima de 25%.Destas, 11% tiveram interrupção total.
50,9% afirmaram que houve redução do faturamento acima de 25%.
APÓS
70,9% das empresas ainda apresentam redução da produção
OUTROS IMPACTOS
61,1% com dificuldade de honrar o pagamento da folha salarial.
68,5% com dificuldade de honrar os tributos do mês.
64,7% com redução do investimento planejado.
94,6% dificuldade para aquisição de insumos.
TABELAMENTO
42% identificaram aumento acima de 10% dos custos totais com insumos de produção.
41,3% identificaram aumento acima de 25% do custo médio do frete para o escoamento da produção para os principais centros comerciais do Centro-Sul do País.
Destes 31,5% tiveram aumento entre 100% e 150%.
52,9% das empresas projetam uma redução acima de 10% na quantidade de produtos vendidos.
Fonte: Fiec. Pesquisa feita no período de 14 a 18 de junho